João Airas de Santiago Nacionalidade: Galega Notas biográficas:
As rubricas atributivas que acompanham algumas das composições de João Airas, acrescentam ao seu nome a indicação "burguês de Santiago". Se conhecemos, pois, a sua naturalidade e o seu estatuto social, desconhecemos quase tudo sobre a biografia deste trovador, um dos mais importantes, não só termos quantitativos mas também qualitativos, de toda a poesia galego-portuguesa. O único documento que talvez lhe diga respeito, segundo dados avançados por Resende de Oliveira1, é o de um litígio entre um João Airas e sua mulher Maria Anes do Souto com o deão de Santiago de Compostela, a propósito de uma propriedade. Datado de 1302, o documento parece corresponder ao arco cronológico que se depreende de algumas composições do trovador, que são ainda a principal fonte para o conhecimento do seu percurso. Por elas se depreende também que teria viajado para Leão e Castela, tendo muito provavelmente frequentado a corte de Afonso X, bem como a corte do seu sucessor, Sancho IV. De uma outra composição se depreende ainda que teria estado igualmente em Portugal (mais provavelmente na corte de D. Dinis). Os elementos disponíveis apontam, pois, para que tenha produzido a sua obra nas décadas finais do século XIII e talvez ainda nos inícios do seguinte. Acrescente-se, no entanto, que, se o homónimo João Aires, barbeiro, a quem se refere numa cantiga, é o barbeiro do célebre arcebispo de Santiago João Airas (outro homónimo) que testemunha um documento, datado de 1260, recentemente dado a conhecer por Souto Cabo2, é possível que o trovador já se encontrasse ativo por esses anos. Referências 1 Oliveira, António Resende de (1994), Depois do espectáculo trovadoresco. A estrutura dos cancioneiros peninsulares e as recolhas dos séculos XIII e XIV, Lisboa, Edições Colibri. |
Ler todas as cantigas (por ordem dos cancioneiros) Cantigas (por ordem alfabética): A meu amigo mandad'enviei Cantiga de Amigo A mia senhor, que eu sei muit'amar Cantiga de Amor A mia senhor, que me tem em poder Cantiga de Amor A por que perço o dormir Género incerto A que mi a mi meu amigo filhou Cantiga de Amigo Ai Justiça, mal fazedes, que nom Cantiga de Escárnio e maldizer - Ai mia filha, de vós saber quer'eu Cantiga de Amigo Ai mia filha, por Deus, guisade vós Cantiga de Amigo Alguém vos diss', amig', e sei-o eu Cantiga de Amigo Algum bem mi deve ced'a fazer Género incerto Amei-vos sempr', amigo, e fiz-vos lealdade Cantiga de Amigo Amigas, o que mi quer bem Cantiga de Amigo Amigo, quando me levou Cantiga de Amigo Amigo, queredes-vos ir Cantiga de Amigo Amigo, veestes-m'um di'aqui Cantiga de Amigo Andei, senhor, Leon e Castela Cantiga de Amor Com coitas d'amor, se Deus mi perdom Cantiga de Amor De me preguntar ham sabor Cantiga de Amor Desej'eu bem haver de mia senhor Cantiga de Amor Diz meu amigo que, u nom jaz al Cantiga de Amigo Diz meu amigo tanto bem de mi Cantiga de Amigo Diz, amiga, o que mi gram bem quer Cantiga de Amigo Dizem que ora chegou Dom Beeito Cantiga de Escárnio e maldizer Dizem, amigo, que outra senhor Cantiga de Amigo Dizem, senhor, que nom hei eu poder Cantiga de Amor Dizem-mi a mi quantos amigos hei Cantiga de Amor Dom Beeito, home duro Cantiga de Escárnio e maldizer Dom Pero Núnez era em Cornado Cantiga de Escárnio e maldizer Entend'eu, amiga, per bõa fé Cantiga de Amigo Foi-s'o meu amigo a cas d'el-rei Cantiga de Amigo Houvi agora de mia prol gram sabor Cantiga de Amor Ir-vos queredes, amigo Cantiga de Amigo Ir-vos queredes, e nom hei poder Cantiga de Amigo - Joan'Airas, ora vej'eu que há Tenção Maravilho-m'eu, si Deus mi dê bem Cantiga de Amor Meu amig'e meu bem e meu amor Cantiga de Amigo - Meu amigo, quero-vos preguntar Cantiga de Amigo Meu amigo, vós morredes Cantiga de Amigo Meu senhor rei de Castela Escárnio e Maldizer Mia madre, pois [a]tal é vosso sem Cantiga de Amigo Morreredes, se vos nom fezer bem Cantiga de Amigo Nom hei eu poder do meu amigo Cantiga de Amigo Nom que[i]ra Deus em conto receber Cantiga de Amor Nom vi molher, des que naci Cantiga de Amor Nom vos sabedes, amigo, guardar Cantiga de Amigo O meu amigo nom pod'haver bem Cantiga de Amigo O meu amigo novas sabe já Cantiga de Amigo O meu amigo, forçado d'amor Cantiga de Amigo O meu amigo, que xi m'assanhou Cantiga de Amigo O que soía, mia filha, morrer Cantiga de Amigo O voss'amig'há de vós gram pavor Cantiga de Amigo - O voss'amigo que s'a cas d'el-rei Cantiga de Amigo Os que dizem que veem bem e mal Escárnio e Maldizer Ouço dizer dos que nom ham amor Cantiga de Amor Par Deus, amigo, nom sei eu que é Cantiga de Amigo Par Deus, mia madr', houvestes gram prazer Cantiga de Amigo Par Deus, mia madr', o que mi gram bem quer Cantiga de Amigo Pelo souto de Crexente Pastorela Pero Garcia me disse Cantiga de Escárnio e maldizer Pero tal coita hei d'amor Cantiga de Amor Quand'eu fui um dia vosco falar Cantiga de Amigo Quando chamam Joan'Airas, reedor, bem cuid'eu logo Cantiga de Escárnio e maldizer Que de bem mi ora podia fazer Cantiga de Amor Que grave m'est ora de vos fazer Cantiga de Amor Que mui de grad'eu faria Cantiga de Amigo Que mui leda que eu mia madre vi Cantiga de Amigo Queixos'andades, amigo, d'amor Cantiga de Amigo Quer meu amigo de mi um preito Cantiga de Amigo Queredes ir, meu amigo, eu o sei Cantiga de Amigo - Rui Martĩiz, pois que ést[e] assi Tenção Senhor fremosa do bom parecer Cantiga de Amor Senhor fremosa, hei-vos grand'amor Cantiga de Amor Tam grave m'é, senhor, que morrerei Cantiga de Amor Tôdalas cousas eu vejo partir Cantiga de Amigo U, com Dom Beeito, aos preitos veerom Cantiga de Escárnio e maldizer Ũa dona, nom dig'eu qual Cantiga de Escárnio e maldizer Vai meu amigo com el-rei morar Cantiga de Amigo Vai[-s'o] meu amigo morar com el rei Cantiga de Amigo Vai-s', amiga, meu amigo daqui Cantiga de Amigo Vedes, amigo, ond'hei gram pesar: Cantiga de Amigo Vi eu donas, senhor, em cas d'el-rei Cantiga de Amor Voss'amigo quer-vos sas dõas dar Cantiga de Amigo |