João Airas de Santiago


O meu amigo nom pod'haver bem
de mi, amiga, vedes por que nom:
el nom mi o diz, assi Deus mi perdom,
nem lho dig'eu, e assi nos avém:
5       el com pavor nom mi o ousa 'mentar;
       eu, amiga, non'o posso rogar.
  
 E gram sazom há já, per bõa fé,
que el [o] meu bem podera haver
e jamais nunca mi o ousou dizer
10e o preito direi-vos eu com'é:
       el com pavor nom mi o ousa 'mentar;
       eu, amiga, non'o posso rogar.
  
E gram temp'há que lh[o] eu entendi,
ca mi o disserom, mais houvi pavor
15de mi pesar e, par Nostro Senhor,
prouguera-m'end'e [e]stamos assi:
       el com pavor nom mi o ousa 'mentar;
       eu, amiga, non'o posso rogar.
  
E o preito guisad'em se chegar
20era, mais nom há quen'o começar.



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Nota geral:

A donzela conta a uma amiga o impasse em que se encontram, ela e o seu amigo: sendo que já há muito ela lhe teria concedido os seus favores, nenhum deles ousa dar o primeiro passo. Ele, porque tem receio falar, e ela, porque sente que não lhe cabe pedir-lhe para o fazer.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

V 600

Cancioneiro da Vaticana - V 600


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas