João Airas de Santiago


Nom vos sabedes, amigo, guardar
de vos saberem, por vosso mal sem,
como me vós sabedes muit'amar,
nem a gram coita que vos por mi vem;
5       e quero-vos end'eu desenganar:
       se souberem que mi queredes bem,
       quite sodes de nunca mi falar.
  
 Per nulha rem nom me posso quitar
de falar vosc'e sempre me temi
 10de mi o saberem, ca m'ham d'alongar
de vós, se o souberem, des ali;
       e quero-vos end'eu desenganar:
       se souberem que mi queredes bem,
       quite sodes de nunca mi falar.
  
 15Do que me guarda tal é seu cuidar:
que amades, amig', outra senhor;
ca, se a verdade poder osmar,
nunca ver[r]edes jamais u eu for;
       e quero-vos end'eu desenganar:
20       se souberem que mi queredes bem,
       quite sodes de nunca mi falar.
  
E se havedes gram coita d'amor,
havê-la-edes per mi [mui] maior,
ca de longi mi vos farám catar.



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Nota geral:

A donzela censura o seu amigo por este não saber disfarçar o amor que por ela sente e avisa-o: se esse amor for conhecido, ela deixará de poder falar com ele, como agora faz. De momento, aquele que a vigia (pai, irmão, marido?) pensa que ele ama uma outra mulher. Mas, se souber a verdade, irão afastá-los e ele só poderá olhá-la de longe.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras rima a uníssona, rima b singular
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1028, V 618

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1028

Cancioneiro da Vaticana - V 618


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas