João Airas de Santiago


Queredes ir, meu amigo, eu o sei,
buscar outro conselh'e nom o meu;
porque sabedes que vos desej'eu,
queredes-vos ir morar com el-rei,
5       mais id'ora quanto quiserdes ir,
        ca pois a mi havedes a viir.
  
Ides-vos vós e fico eu aqui
que vos hei sempre muit'a desejar;
e vós queredes com el-rei morar
10porque cuidades mais valer per i;
       mais id'ora quanto quiserdes ir,
       ca pois a mi havedes a viir.
  
Sabor havedes, a vosso dizer,
de me servir, amig', e pero nom
15leixades d'ir al-rei por tal razom;
nom podedes el-rei e mim haver,
       mais id'ora quanto quiserdes ir,
       ca pois a mi havedes a viir.
  
E, amigo, querede-lo oir?
20Nom podedes dous senhores servir
 que ambos hajam rem que vos gracir.



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Nota geral:

Se o seu amigo, que diz amá-la e gostar de a servir, está disposto a contrariá-la e a partir para se pôr ao serviço d´el-rei, deixando-a sozinha e saudosa, a donzela dá-lhe conta, ironicamente, do seu desagrado: então que vá à sua vontade, pois fatalmente irá voltar para ela.
Na finda, ela resume o problema de forma lapidar: não se podem servir dois senhores (e deixar a ambos satisfeitos).



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1023=1049, V 613=639

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1023=1049

Cancioneiro da Vaticana - V 613=639


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas