João Airas de Santiago


Morreredes, se vos nom fezer bem,
por mim, amig', e nom sei que vos i
faça, pero muitas vezes cuid'i,
e deste preito vedes que mi avém:
5       é-mi mui grave de vos bem fazer
       e mui grav'é de vos leixar morrer.
  
Rem nom vos pode de morte guardar,
e sei bem que morr[er]edes por mi,
se nom houverdes algum bem de mim;
10e quant'eu hei em tod'est'a cuidar:
       é-mi mui grave de vos bem fazer
       e mui grav'é de vos leixar morrer.
  
Se vos nom fezer bem, por mi Amor
vos matará, bem sei que será assi,
15mais bem vos jur'e digo-vos assi,
se Deus mi leix'en fazer o melhor:
       é-mi mui grave de vos bem fazer
       e mui grav'é de vos leixar morrer.
  
E rog'a Deus, que há end'o poder,
20que El me leix'end'o melhor fazer.



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Nota geral:

Dirigindo-se ao seu amigo, a donzela dá-lhe conta do seu dilema: é-lhe tão difícil conceder-lhe os seu favores, como vê-lo a morrer de amores. Assim sendo ela pede a Deus, na finda, para a ajudar a escolher o que for melhor.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras rima a singular, rima b uníssona
Dobre: (vv. 2 e 3 de cada estrofe)
i (I), mi(m (II)), assi (III)
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1038, V 628

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1038

Cancioneiro da Vaticana - V 628


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas