João Airas de Santiago


Meu amigo, vós morredes
porque vos nom leixam migo
falar e moir'eu, amigo,
por vós e, fé que devedes,
5       algum conselh'i hajamos
       ante que assi moiramos.
  
Ambos morremos, sem falha,
por quanto nós nom podemos
falar e, pois que morremos,
10amigo, se Deus vos valha,
       algum conselh'i hajamos
       ante que assi moiramos.
  
De mia madr'hei gram queixume
porque nos anda guardando
15e morremos i cuidando;
ai meu amig'e meu lume,
       algum conselh'i hajamos
       ante que assi moiramos.
  
E por que o nom guisamos,
20pois nós tant'o desejamos?



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Nota geral:

Dirigindo-se ao seu amigo, a donzela incita-o a encontrarem, com urgência, uma solução para a situação em que se encontram, dolorosa para ambos: a de não poderem falar um com o outro, sobretudo devido à vigilância apertada a que a sua mãe a submete. Se ambos o desejam ardentemente, terão mesmo que encontrar essa solução.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1012, V 602

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1012

Cancioneiro da Vaticana - V 602


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas