João Airas de Santiago


Ir-vos queredes, e nom hei poder,
 par Deus, amigo, de vos en tolher,
e, se ficardes, vos quero dizer,
meu amig', o que vos por en farei:
5os dias que vós a vosso prazer
       nom passastes, eu vo-los cobrarei.
  
Se vos fordes, sofrerei a maior
 coita que sofreu molher por senhor;
e, se ficardes polo meu amor,
10direi-vo'lo que vos por en farei:
os dias que vós a vosso sabor
       nom passastes, eu vo-los cobrarei.
  
Ides-vos e teendes-m'em desdém
e fico eu mui coitada por en;
15e ficade por mi, ca vos convém,
e direi-vos que vos por en farei:
os dias que vós nom passastes bem,
       ai meu amigo, eu vo-los cobrarei.



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Nota geral:

A donzela, sabendo que não pode impedir o seu amigo de partir, procura convencê-lo a não o fazer, garantindo-lhe que, se ficar, irá compensá-lo dos dias menos bons que passou perto dela.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
Palavra(s)-rima: (v. 4 de cada estrofe)
que vos por en farei
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1050, V 640

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1050

Cancioneiro da Vaticana - V 640


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas