João Airas de Santiago


Senhor fremosa do bom parecer,
pero que moiro querendo-vos bem,
se vos digo que muito mal mi vem
por vós, nom mi queredes rem dizer,
5       pero no mundo nom sei eu molher
       que tam bem diga o que dizer quer.
  
E, mia senhor fremosa, morrerei
com tanto mal como mi faz Amor
por vós, e se vo-lo digo, senhor,
10nom mi dizedes o que i farei;
       pero no mundo nom sei eu molher
       que tam bem diga o que dizer quer.
  
[E] estas coitas grandes que sofr'i
por vós, se mi vos en venho queixar,
15come se nom soubéssedes falar,
nom mi dizedes o que faça i;
       pero no mundo nom sei eu molher
       que tam bem diga o que dizer quer.
  
E pois nom fala quem bem diz que quer,
20como falará bem quem nom souber?



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Nota geral:

A composição parte de uma das qualidades que integra geralmente o elogio que os trovadores fazem das suas senhoras: a capacidade de "falar bem" (com acerto e poder de argumentação). Neste caso, o trovador, reconhecendo à sua senhora essa qualidade, finge admirar-se com o facto de ela ficar em silêncio perante as suas queixas, não dando qualquer resposta aos seus males de amor. E conclui na finda: se quem fala tão bem nada diz, como falará quem não souber fazê-lo? (o trovador, subentende-se)



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Refrão
Cobras singulares
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 956, V 543

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 956

Cancioneiro da Vaticana - V 543


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas