João Airas de Santiago


Nom que[i]ra Deus em conto receber
os dias que vivo sem mia senhor,
porque os vivo mui sem meu sabor;
mailos dias que m'Ele fez[er] viver
5u a veja e lhi possa falar
esses Lhi quer'eu em conto filhar,
ca nom é vida viver sem prazer.
  
E se m'Ele fez[er] algũa sazom
viver com ela quanto mi aprouguer,
10esses dias mi cont'El, se quiser,
que eu com ela viver, e mais nom;
de mia vida mais nom vos contarei,
dos dias que a meu pesar passei,
ca nom foi vida, mais foi perdiçom.
  
15Ca nom é vida viver hom'assi
com'hoj'eu vivo u mia senhor nom é,
 ca par de morte m'é, per boa fé;
e se mi Deus contar quanto vevi,
nom cont'os dias que nom passei bem,
20mais El, que os dias em poder tem,
dê-mi outros tantos por quanto[s] perdi.
  
Ca [a] El dias nunca minguará[m]
e eu serei bem andant', e serám
cobrado'los meus dias que perdi.



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Nota geral:

Cantiga que desenvolve e alarga a temática da cantiga anterior: Deus só deve contar como vida os dias que o trovador passa perto da sua senhora; os restantes não passam de dias perdidos, que Deus deveria compensar (Ele, cujo tempo é infinito).



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras singulares
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 958, V 545

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 958

Cancioneiro da Vaticana - V 545


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas