João Airas de Santiago


Houvi agora de mia prol gram sabor
mia senhor, e conse[l]hou-me por en
que me partisse de lhi querer bem,
e dixi-lh'eu: – Fremosa mia senhor,
5mui bem me conselhades vós, mais nom
poss'eu migo nem com meu coraçom,
que somos ambos em poder d'Amor.
  
E disse-m'ela: – Por Nostro Senhor,
quitade-vos, amigo, de mal sem
10e nom amedes quem vos nom quer bem.
E dixi-lh'eu: – Per bõa fé, senhor,
se eu podesse comigo poder,
bem vos podia tod'esso fazer,
mais nom posso migo nem com Amor.
  
15E disse-m'ela: – Tenh'eu por melhor
de vos quitardes, ca prol nom vos tem
d'amardes mim, pois mi nom é en bem.
E dixi-lh'eu: – Per bõa fé, senhor,
se eu podess', (o que nom poderei),
20poder comig'e com Amor, bem sei
que vos faria de grad'ess'amor.



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Nota geral:

Numa cantiga em grande parte dialogada, o trovador responde pela negativa aos repetidos pedidos da sua senhora para que desista de a amar, uma vez que nada ganhará com isso. Para ele, dominado pelo coração e pelo Amor, tal coisa é uma impossibilidade.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras uníssonas (rima c singular)
Palavra(s)-rima: (v. 3, 4 e 7 de cada estrofe)
bem, senhor, amor
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 961, V 548

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 961

Cancioneiro da Vaticana - V 548


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas