João Airas de Santiago


Meu amig'e meu bem e meu amor,
disserom-vos que me virom falar
com outr'home por vos fazer pesar,
e por en rog'eu a Nostro Senhor
5que confonda quem vo-lo foi dizer,
e vós, se o assi fostes creer,
 e mim, se end'eu fui merecedor.
  
Já vos disserom por mi que falei
com outr'hom'e que vos nom tiv'em rem,
10e, se o fiz, nunca mi venha bem;
mais rog'a Deus sempr'e rogá-Lo-ei
que confonda quem vo-lo diss'assi,
e vós, se tam gram mentira de mim
crevestes, e mim, se o eu cuidei.
  
15Sei que vos disserom, per bõa fé,
que falei com outr'hom', e nom foi al
senom que vo-lo disserom por mal;
mais rog'a Deus, que [e]no ceo ,
que confonda quem vos atal razom
20diss', e vós, se a crevestes entom,
e que confonda mim, se verdad'é.
  
E confonda quem há tam gram sabor
d'antre mim e vós meter desamor
- ca [o] maior amor do mund[o] é.



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Nota geral:

Numa composição com nítidas semelhanças com uma cantiga anterior do trovador, a donzela nega ao seu amigo o facto calunioso de que a acusam: que falou com outro homem só para o irritar. É falso e ela pede que Deus castigue tanto o intriguista, como o amigo, se acreditou em tal coisa, como ela próprio, se acaso o mereceu.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Mestria
Cobras singulares
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1046, V 636

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1046

Cancioneiro da Vaticana - V 636


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas