João Airas de Santiago


Nom hei eu poder do meu amigo
partir, amigas, de mi querer bem,
 e, pero m'eu queixo, prol nom mi tem,
e quando lh'eu rogo muit'e digo
5       que se parta de mi tal bem querer,
       tanto mi val come nom lho dizer.
  
Se mi quer falar, digo-lh'eu logo
que mi nom fale, ca mi vem gram mal
de sa fala, mais mui pouco mi val;
10e quando lh'eu digo muit'e rogo
       que se parta de mi tal bem querer,
       tanto mi val come nom lho dizer.
  
Sempre mi pesa com sa companha,
porque hei medo de mi crecer prez
15com el, com'outra vegada já fez;
e, pero lhi dig'em mui gram sanha
       que se parta de mi tal bem querer,
       tanto mi val come nom lho dizer.
  



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Nota geral:

A donzela conta às suas amigas que não consegue fazer com que o seu amigo deixe de gostar dela, por muito que lho peça. E assim, dizer-lhe que não fale com ela ou mostrar-se desagradada pela sua companhia tem o mesmo efeito que não lhe dizer nada.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
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Fontes manuscritas

B 1029, V 619

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1029

Cancioneiro da Vaticana - V 619


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas