Nuno Fernandes Torneol
Trovador medieval


Nacionalidade: Galega

Notas biográficas:

Quase nada sabemos sobre este autor, cujo nome tem dado origem a alguma discussão. Assim, Resende de Oliveira1, tendo em conta exatamente a referida ausência de dados, sugeriu que o seu nome poderia ser apenas Nuno Fernandes, sendo Torneol uma mera nota de Colocci (em B) relativa ao tornel (refrão) das cantigas seguintes. Esta hipótese não parece, no entanto, confirmar-se, já que, posteriormente, Vicenç Beltran localizou um documento, datado de 1244, onde é referido um João Fernandes Torniol, à época, proprietário uma vinha em Córdova, o qual, segundo este investigador, poderia ser irmão do trovador2. Já mais recentemente José António Souto Cabo3 localizou o apelido em dois documentos galegos, o primeiro referindo um Fernandus Petri, dictus “Turniol” de Villari, que, em 1262, testemunha uma venda ao arcebispo João Airas, e o segundo, o testamento do cónego compostelano Abril Fernandes, datado de 1269, referindo três sobrinhos seus com este apelido. A ser assim, Nuno Fernandes seria galego, e talvez originário da região de Santiago.
Ainda mais recentemente, no entanto (2018), Ron Fernández4 deu conta da descoberta de um Nuno Fernandi Torniol, referido num documento do mosteiro de San Xoán de Poio, datado de 1225. Como adianta este investigador (que anuncia para breve um trabalho mais completo sobre o assunto), trata-se "dunha doazón de Pelagius Suariz, da parentela dos Romai, que regala pro amore et linage unha herdade en Ranzia, que podemos situar na parroquia de San Xoán de Tirán, no concello de Moaña".
Seja como for, o que parece certo é Nuno Fernandes ter desenvolvido a sua atividade trovadoresca por inícios ou meados do século XIII, muito provavelmente na corte castelhana de Fernando III. De resto, os topónimos castelhanos referidos na sua única cantiga de escárnio conservada parecem apontar nessa direção.


Referências

1 Oliveira, António Resende de (1994), Depois do espectáculo trovadoresco. A estrutura dos cancioneiros peninsulares e as recolhas dos séculos XIII e XIV, Lisboa, Edições Colibri.

2 Beltran, Vicenç (1997), “A alba de Nuno Fernandez Torneol”, Revista galega de ensino, 17, p. 92.
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3 Souto Cabo, José António (2012), "En Santiago, seend’ albergado en mia pousada. Nótulas trovadorescas compostelanas", in Verba, 39.
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4 Ron Fernández, Xavier (2018), "Martin Codax: o nome. A onomástica na lírica trobadoresca", in The Vindel Parchment and Martin Codax. The Golden Age of Medieval Galician Poetry, edited by Alexandre Rodríguez Guerra and Xosé Bieito Arias Freixedo, John Benjamins Publishing Company, pp. 232-233.
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Ler todas as cantigas (por ordem dos cancioneiros)


Cantigas (por ordem alfabética):


Ai eu! e de mim que será?
Cantiga de Amor

Ai madr', o meu amigo que nom vi
Cantiga de Amigo

Ai mia senhor! U nom jaz al
Cantiga de Amor

Am'eu tam muito mia senhor
Cantiga de Amor

Aqui vej'eu, filha, o voss'amigo
Cantiga de Amigo

Assi me traj'ora coitad'Amor
Cantiga de Amor

De longas vias, mui longas mentiras
Cantiga de Escárnio e maldizer

- Dizede-m'ora, filha, por Santa Maria
Cantiga de Amigo

Foi-s'um dia meu amigo daqui
Cantiga de Amigo

Ir-vos queredes, mia senhor
Cantiga de Amor

Levad', amigo que dormide'las manhanas frias
Cantiga de Amigo

Ora vej'eu que me nom fará bem
Cantiga de Amor

Par Deus, senhor, em gram coita serei
Cantiga de Amor

Pois naci nunca vi Amor
Cantiga de Amor

Preguntam-me por que ando sandeu
Cantiga de Amor

Quando mi agora for e mi alongar
Cantiga de Amor

Que bem que m'eu sei encobrir
Cantiga de Amor

Que coita tamanha hei a sofrer
Cantiga de Amigo

Que prol vos há ‘vós, mia senhor
Cantiga de Amor

Quer'eu a Deus rogar de coraçom
Cantiga de Amor

Trist'anda, mia madr[e], o meu amigo
Cantiga de Amigo

Vi eu, mia madr', andar
Cantiga de Amigo