Nuno Fernandes Torneol


Par Deus, senhor, em gram coita serei
agora quando m'eu de vós quitar,
ca me nom hei d'al no mund'a pagar;
e, mia senhor, gram dereito farei,
5       pois eu de vós os meus olhos partir
       e os vossos mui fremosos nom vir.
  
E bem mi o per devedes a creer
que me será mia mort', e m'é mester,
des quando vos eu veer nom poder;
10nem Deus, senhor, nom me leixe viver,
       pois eu de vos os meus olhos partir
       e os vossos mui fremosos nom vir.
  
Pero sei-m'eu que me faço mal sem,
de vos amar, ca, des quando vos vi,
15em mui gram coita fui, senhor, des i;
mais que farei, ai meu lum'e meu bem,
       pois eu de vós os meus olhos partir
       e os vossos mui fremosos nom vir?
  
E pois vos Deus fez parecer melhor
20de quantas outras eno mundo som,
por mal de mim e do meu coraçom,
com'haverei já do mundo sabor,
       pois eu de vós os meus olhos partir
       e os vossos mui fremosos nom vir?



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Nota geral:

Quando for obrigado a separar-se da sua senhora e tiver de afastar dos seus formosos olhos os seus, o trovador garante-lhe que a sua dor será mortal.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Refrão
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

A 72, B 185

Cancioneiro da Ajuda - A 72

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 185


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas