Nuno Fernandes Torneol


Ai eu! e de mim que será?
Que fui tal dona querer bem
a que nom ouso dizer rem
de quanto mal me faz haver!
5E feze-a Deus parecer
melhor de quantas no mund'há!
  
Mais em grave dia naci,
se Deus conselho nom mi der;
  ca destas coitas qual xe quer
10m'é-mi mui grave d'endurar:
como nom lh'ousar a falar
e ela parecer assi.
  
Ela, que Deus fez por meu mal!
Ca já lh'eu sempre bem querrei
15e nunca end'atenderei
com que folg'o meu coraçom,
que foi trist', há i gram sazom,
polo seu bem, ca nom por al.



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Nota geral:

O trovador aflige-se por ter ido amar uma dona a quem nunca ousará confessar o seu amor, e cuja beleza não tem par. E não sabe mesmo o que o faz sofrer mais: não ousar falar ou ser ela tão bela. Uma dona que Deus fez para seu mal: porque não tem esperança de algum dia vir a ter alguma alegria no seu coração.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras singulares
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Fontes manuscritas

A 78, B 181bis

Cancioneiro da Ajuda - A 78

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 181bis


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas