Nuno Fernandes Torneol


 Pois naci nunca vi Amor
e ouço del sempre falar;
pero sei que me quer matar,
mais rogarei a mia senhor:
5       que me mostr'aquel matador,
       ou que m'ampare del melhor.
  
Pero nunca lh'eu fige rem
por que m'el haja de matar,
mais quer'eu mia senhor rogar,
10pola gram coit'em que me tem:
       que me mostr'aquel matador,
       ou que m'ampare del melhor!
  
Nunca me lh'eu ampararei,
se m'ela del nom amparar;
15mais quer'eu mia senhor rogar,
polo gram medo que del hei:
       que mi amostr'aquel matador,
       ou que mi ampare del melhor.
  
E pois Amor há sobre mi
20de me matar tam gram poder
e eu non'o posso veer,
rogarei mia senhor assi:
       que mi amostr'aquel matador,
       ou que m'ampare del melhor.



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Nota geral:

A personificação do Amor tem, nesta cantiga, um desenvolvimento original: uma vez que, desde que nasceu, o trovador nunca conheceu o Amor, se bem que tenha dele ouvido falar, irá pedir à sua senhora que lhe faça conhecer tal assassino ou que o proteja dele. Desenvolvendo esta imagem na segunda estrofe, o trovador garante que desconhece os motivos para a perseguição que o Amor lhe move e que o apavora, já que não nunca lhe fez nenhum mal. E como sozinho não se consegue defender, nem consegue sequer vê-lo, a sua senhora deverá vir em seu auxílio.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Refrão
Cobras singulares (rima b em I, II e III uníssona)
(Saber mais)


Fontes manuscritas

A 80, B 183bis

Cancioneiro da Ajuda - A 80

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 183bis


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Love Song      versão audio disponível

Versão de Legião Urbana