Rui Fernandes de Santiago
Trovador medieval


Nacionalidade: Galega

Notas biográficas:

Trovador galego, ativo no segundo quartel do século XIII. A rubrica atributiva das suas cantigas de amigo indica-nos que foi clérigo, e a das suas cantigas de amor que era natural de Santiago de Compostela.
Já López Ferreiro, no início do século XX, e posteriormente Ron Fernández2 e Arias Freixedo1 (na sua edição da obra do trovador), haviam passado em revista todos os dados então disponíveis sobre a biografia do trovador, nomeadamente os que constam do seu testamento, lavrado em Salamanca e datado de 1273, no qual refere ter sido capelão de Afonso X e docente na universidade dessa cidade.
Mais recentemente, José António Souto Cabo fez o mesmo3, mas juntando novos e importantes documentos aos já anteriormente conhecidos. Num desses novos documentos, uma escritura de venda datada de 1263 e onde figuram como vendedores Rui Fernandes e os seus dois irmãos, são mesmo referidos os nomes dos seus pais e dos avós. É exatamente a identificação do avô do trovador, Sancho Juiães, que leva Souto Cabo a concluir que Rui Fernandes ainda era primo segundo de Julião Peres, ou D. Juião, o trovador da primeira geração citado na Tavola Colacciana mas cuja obra se perdeu.
De resto, ainda pelo referido testamento podemos concluir, como faz Souto Cabo, que «sua presença em Salamanca implica a integração prévia na Sé de Santiago, sem ter pertencido, contudo, ao corpo capitular propriamente dito, uma vez que ele não se declara em nenhum momento “cónego”. Ora bem, a documentação do Tombo C39 guarda a memória de um Rodrigo Fernandes que, pelo menos entre 1244 e 1250, pertenceu ao agrupamento dos denominados “clérigos do coro” compostelanos (...) Pela escritura em questão, donde se retira ter sido uma pessoa abastada, vimos a conhecer o relacionamento patrimonial do testador com as cidades de Salamanca e Santiago e ainda com o conjunto da diocese compostelana». De resto, e a acreditarmos que se encontrava então muito doente, como refere no mesmo testamento, é possível que tenha falecido nesse ano de1273 ou pouco depois.


Referências

1 Arias Freixedo, Xosé Bieito (2010), As cantigas de Roi Fernandíz, clérigo de Santiago, Universidade de Vigo.
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2 Ron Fernández, Xavier (2005), “Carolina Michaelis e os trobadores representados no Cancioneiro da Ajuda”, in Carolina Michaelis e o Cancioneira da Ajuda hoxe, Santiago de Compostela, Xunta de Galicia.
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3 Souto Cabo, José António (2023), “Ca o vej’eu assaz om’ordinhado. Airas Nunes no “coro” clerical trovadoresco”, en Madrygal. Revista de Estudios Gallegos 26.
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Ler todas as cantigas (por ordem dos cancioneiros)


Cantigas (por ordem alfabética):


A dona que eu quero bem
Cantiga de Amor

- Ai madre, que mui[t'eu err]ei
Cantiga de Amigo

Aqueste mui gram mal d'amor
Cantiga de Amor

Conhosco-me, meu amigo
Cantiga de Amigo

De gram coita faz gram lezer
Cantiga de Amor

Des que eu vi
Cantiga de Amor

Esta senhor, que ora filhei
Cantiga de Amor

I logo, senhor, que vos vi
Cantiga de Amor

Id'é meu amigo daqui
Cantiga de Amigo

Já eu nom am[o] a quem soía
Cantiga de Amor

Madre, pois amor hei migo
Cantiga de Amigo

- Madre, quer'hoj eu ir veer
Cantiga de Amigo

Ora começa o meu mal
Cantiga de Amor

Ora mi o tenham a mal sem
Cantiga de Amor

Ora nom dev'eu preçar parecer
Cantiga de Amigo

Os meus olhos, que virom mia senhor
Cantiga de Amor

Pero mia senhor nulha rem
Cantiga de Amor

Pero tant'é meu mal d'amor
Cantiga de Amor

Quand'eu nom podia veer
Cantiga de Amor

Quand'eu vejo las ondas
Cantiga de Amor

Quantas coitas, senhor, sofri
Cantiga de Amor

Que doo que agora hei
Cantiga de Amor

Que mui gram prazer hoj'eu vi
Cantiga de Amor

Se hom'houvesse de morrer
Cantiga de Amor

Se vos nom pesar ende
Cantiga de Amigo