Gonçalo Anes do Vinhal


O meu amigo, que me quer gram bem,
nunca de mim pode haver senom mal,
e morrerá, u nom pode haver al,
e a mi praz, amiga, de[l] morrer
5por aquesto que vos quero dizer:
leix'a coidar eno mal que lhi en vem
e coida sempr'e[m] meu bom parecer.
  
E a tal hom', amigas, que farei?
Que assi morr'e assi quer morrer
10por aquel bem que nunca pode haver
  nem haverá, ca já se lho partiu,
porque mi assi de mandado saiu:
leix'a coidar eno mal que lhi eu dei
e coida em mim, fremosa que m'el viu.
  
15E amores tantas coitas lhi dam
por mim que já [d]a morte mui preto está,
e sei eu del que cedo morrerá,
 e, se morrer, nom me faz i pesar,
ca se nom soube da morte guardar:
20leix'a coidar eno seu grande afã
e coida sempre em meu bom semelhar.



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Nota geral:

Dirigindo-se a uma amiga, a donzela fala da insensatez do seu amigo: só pensa nela e esquece que nunca obterá os seus favores. Por isso morre, o que lhe agrada e considera justo.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Mestria
Cobras singulares
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Fontes manuscritas

B 709, V 310

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 709

Cancioneiro da Vaticana - V 310


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas