Gonçalo Anes do Vinhal
Trovador medieval


Nacionalidade: Portuguesa

Notas biográficas:

Trovador português, mas cuja carreira se desenrolou maioritariamente em Castela, e num claro percurso de ascensão social, D. Gonçalo Anes, quarto senhor do Vinhal, terá nascido na segunda década do século XIII, na região entre Felgueiras e Celorico de Basto. Não sabemos a data exata da sua saída de Portugal, nem os motivos (os quais, como os de tantos outros cavaleiros portugueses que rumaram a Castela nessa época, poderão relacionar-se com a crescente tensão em torno de Sancho II), mas, em 1243 está já atestado como tenente de Helin e de Isso, na região de Múrcia, em cuja conquista certamente participou, ao lado do infante Afonso (futuro Afonso X), de quem, a partir destes anos, parece ter sido muito próximo. Com ele participa igualmente na conquista de Sevilha, cinco anos depois, sendo largamente beneficiado no seu repartimento. É possível que tenha regressado por algum tempo a Portugal (onde terá permanecido até 1256, como supõe Resende de Oliveira1), já que por esta época a vila de Moimenta da Beira é-lhe doada por Afonso III.
Regressa, no entanto, a Castela, onde continua a receber bens e mercês de Afonso X, nomeadamente, logo em 1257, a vila e castelo de Aguilar, na região de Córdova, em torno do qual constituirá um importante senhorio, transformado em morgadio em 12752. É possível que a concessão deste último privilégio, raro na época, se relacione com as várias missões delicadas que desempenhou ao serviço do monarca, nomeadamente servindo como mediador no grave conflito que opôs o Rei Sábio à nobreza rebelde (1272-1275). Segundo nos informa ainda Resende de Oliveira, há novamente notícia da sua passagem por Portugal em 1276, seguida de um novo regresso ao reino vizinho, mas desta vez a uma Castela onde crescia a tensão entre Afonso X e seu herdeiro, o infante Sancho, cujo partido, ao que tudo indica, acaba por tomar. Após a morte de Afonso X, em 1284, ocupa um lugar destacado na corte de Sancho IV, acabando por morrer combatendo a seu lado na Veiga de Granada, muito possivelmente em 1285.
D. Gonçalo casou duas vezes, a primeira, talvez logo por volta de 1243, com D. Joana Rodrigues, da importante linhagem dos Castro (m. 1260), e a segunda, um pouco antes de 1270, com a aragonesa D. Berengária de Cardona, filha do visconde de Cardona, Ramón Folch, uma das figuras mais importantes da nobreza catalã.


Referências

1 Oliveira, António Resende de (1994), Depois do espectáculo trovadoresco. A estrutura dos cancioneiros peninsulares e as recolhas dos séculos XIII e XIV, Lisboa, Edições Colibri.

2 Viñez Sánchez, Antonia (2004), El trovador Gonçal'Eanes Dovinhal: estudio histórico y edición, Anexo Verba, Universidade de Santiago.

Ler todas as cantigas (por ordem dos cancioneiros)


Cantigas (por ordem alfabética):


Abadessa, Nostro Senhor
Cantiga de Escárnio e maldizer

Amiga, por Deus, vos venh'ora rogar
Cantiga de Amigo

Amigas, eu oí dizer
Cantiga de Escárnio e maldizer

Em gram coita andáramos com el-rei
Cantiga de Escárnio e maldizer

Maestre, tôdolos vossos cantares
Cantiga de Escárnio e maldizer

Meu amig'é daquend'ido
Cantiga de Amigo

Nom levava nem dinheiro
Cantiga de Escárnio e maldizer

O meu amigo queixa-se de mi
Cantiga de Amigo

O meu amigo, que me quer gram bem
Cantiga de Amigo

Par Deus, amiga, quant'eu receei
Cantiga de Amigo

Pero d'Ambroa, sempr'oí cantar
Cantiga de Escárnio e maldizer

Pero Fernándiz, home de barnage
Cantiga de Escárnio e maldizer

Quand'eu sobi nas torres sôbe'lo mar
Cantiga de Amigo

Quantos mal ham, se quere[m] guarecer
Cantiga de Escárnio e maldizer

Que leda que hoj'eu sejo
Cantiga de Amigo

Sei eu, donas, que deitad'é daqui
Cantiga de Escárnio e maldizer

Ũa dona foi de pram
Cantiga de Escárnio e maldizer