Afonso Anes do Cotom - Todas as cantigas

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Cancioneiros:

B 825, V 411
(C 825)

Descrição:

Cantiga de Amigo

Refrão, Dialogada

- Ai meu amig'e meu lum'e meu bem,
vejo-vos ora mui trist'e por en
queria saber de vós ou d'alguém
       que est aquest'ou por que o fazedes?
5- Par Deus, senhor, direi-vos ũa rem:
       mal estou eu, se o vós nom sabedes.
  
- Mui trist'andades, há mui gram sazom,
e nom sei eu porquê nem porque nom;
dizede-mi ora, se Deus vos perdom,
10       que est aquest'ou por que o fazedes?
- Par Deus, ai coita do meu coraçom,
       mal estou eu, se o vós nom sabedes.
  
- Vós trist'andades e eu sem sabor
ando, porque nom sõo sabedor
15se vo-lo faz fazer coita d'amor;
       que est aquest'ou por que o fazedes?
- Par Deus, ai mui fremosa mia senhor,
       mal estou eu, se o vós nom sabedes.
  
- Mui trist'andades [vós] e nom sei eu
20o por que [é, e] poilo nom [mi é lheu],
dizede-mi-o, e nom vos seja greu,
       que est aquest'ou por que o fazedes?
- Par Deus, senhor, ai mia coita e [mal] meu
       mal estou eu, se o vós nom sabedes.


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Cancioneiros:

B 826, V 412

Descrição:

Cantiga de Amigo

Refrão

Se gradoedes, amigo,
de mi, que gram bem queredes,
falad'agora comigo,
por Deus, e nom mi o neguedes,
5       amigo: por que andades
       tam trist'ou por que chorades?
  
Pois eu nom sei com'entenda
por que andades coitado,
se Deus me de mal defenda,
10queria saber de grado,
       amigo: por que andades
       tam trist'ou por que chorades?
  
Todos andam trebelhando,
estes com que vós soedes
15trebelhar, e vós chorando,
por Deus, e que dem'havedes,
       amigo, por que andades
       tam trist, ou por que chorades?


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Cancioneiros:

B 640, B 827, V 241, V 413

Descrição:

Cantiga de Amigo

Refrão

Quando se foi meu amigo,
jurou que cedo verria,
mais, pois nom vem falar migo,
por en, por Santa Maria,
5       nunca mi por el roguedes,
       ai donas, fé que devedes.
  
Quando se foi, fez-mi preito
que se verria mui cedo,
e mentiu-mi, tort'há feito,
10e pois de mi nom há medo,
       nunca mi por el roguedes,
       ai donas, fé que devedes.
  
O que vistes que dizia
que andava namorado,
15pois que nom veo o dia
que lh'eu havia mandado,
       nunca mi por el roguedes,
       ai donas, fé que devedes.


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Cancioneiros:

B 968, V 555
(C 968)

Descrição:

Cantiga de Escárnio e Maldizer

Mestria

As mias jornadas vedes quaes som,
meus amigos, meted'i femença:
de Castr'a Burgos e end'a Palença,
e de Palença sair-mi a Carrion
5e end'a Castro; e Deus mi dê conselho,
ca vedes: pero vos ledo semelho,
muit'anda trist'o meu coraçom.
  
E a dona que m'assi faz andar
casad'é, ou viúv'ou solteira,
10ou touquinegra, ou monja ou freira;
e ar se guarde quem s'há por guardar,
ca mia fazenda vos dig'eu sem falha;
e rog'a Deus que m'ajud'e mi valha
e nuncas valh'a quem mi mal buscar.
  
15E nom vos ous'eu dela mais dizer
de como...............................
nom há i tal que logo nom..........
.....................que em seu parecer
nom...............................
20[...]


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Cancioneiros:

B 969, V 556

Descrição:

Tenção

Mestria

- Pero da Pont', e[m] um vosso cantar,
que vós ogano fezestes d'amor,
foste-vos i escudeiro chamar.
E dized'ora tant', ai trobador:
5pois vos escudeiro chamastes i,
porque vos queixades ora de mi,
por meus panos, que vos nom quero dar?
  
- Afons'Anes, se vos en pesar,
tornade-vos a vosso fiador;
10e de m'eu i escudeiro chamar,
e por que nom, pois escudeiro for?
E se peç'algo, vedes quant'há i:
nom podemos todos guarir assi
come vós, que guarides per lidar.
  
15- Pero da Ponte, quem a mi veer
desta razom ou doutra cometer,
querrei-vo-lh'eu responder, se souber,
como trobador deve responder:
em nossa terra, se Deus me perdom,
20a tod'o 'scudeiro que pede dom
as mais das gentes lhe chamam segrel.
  
- Afons'Anes, est'é meu mester,
e per esto dev'eu a guarecer
e per servir donas quanto poder;
25mais ũa rem vos quero [eu] dizer:
em pedir algo nom dig'eu de nom,
a quem entendo que faço razom,
e alá lide quem lidar souber.
  
- Pero da Ponte, se Deus vos perdom,
30nom faledes mais em armas, ca nom
vos está bem, esto sabe quem quer.
  
- Afons'Anes, filharei eu dom,
e lidade vós, ai cor de leom,
e faça quis cada quem seu mester.


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Cancioneiros:

B 971, V 558

Descrição:

Cantiga de Amor

Refrão

A gram dereito lazerei,
que nunca home viu maior,
u me de mia senhor quitei
[..........................]
5       e que queria eu melhor
       de seer seu vassalo
       e ela mia senhor?
  
E [já] sempre por fol terrei
o que deseja bem maior
10daquele que eu receei
- a guisa fize de pastor;
       e que queria eu melhor
       de seer seu vassalo
       e ela mia senhor?
  
15E quantas outras donas sei
a sa beldad'est a maior,
daquela que desejar hei
[e]nos dias que vivo for:
       e que queria eu melhor
20       de seer seu vassalo
       e ela mia senhor?


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Cancioneiros:

B 1579, V 1111

Descrição:

Cantiga de Escárnio e Maldizer

Mestria

Abadessa, oí dizer
que érades mui sabedor
de tod'o bem; e, por amor
de Deus, querede-vos doer
5de mim, que ogano casei,
que bem vos juro que nom sei
mais que um asno de foder.
  
Ca me fazem en sabedor
de vós que havedes bom sem
10de foder e de tod'o bem;
ensinade-me mais, senhor,
como foda, ca o nom sei,
nem padre nem madre nom hei
que m'ensin'e fic'i pastor.
  
15E se eu ensinado vou
de vós, senhor, deste mester
de foder e foder souber
per vós, que me Deus aparou,
cada que per foder direi
20Pater Noster e enmentarei
a alma de quem m'ensinou.
  
E per i podedes gaar,
mia senhor, o reino de Deus,
per ensinar os pobres seus
25mais ca por outro jajũar;
e per ensinar a molher
coitada, que a vós veer,
senhor, que nom souber ambrar.


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Cancioneiros:

B 1580, V 1112

Descrição:

Cantiga de Escárnio e Maldizer

Refrão

Foi Dom Fagundo um dia convidar
dous cavaleiros pera seu jantar,
e foi com eles sa vaca encetar,
e a vaca morreu-xe log'entom;
5e Dom Fagundo quer-s'ora matar
       porque matou sa vaca o cajom.
  
Quand'el a vac'ante si mort'achou,
log'i [e]stando mil vezes jurou
que nom morreu por quant'end'el talhou,
10ergas se foi no coitelo poçom;
e Dom Fagundo todo se messou,
       porque matou sa vaca o cajom.
  
Quisera-x'el da vaca despender
tanta per que nom leixass'a pacer;
15ca, se el cuidasse sa vaca perder,
ante xe dera a si no [quinhom];
e Dom Fagundo quer ora morrer,
       porque matou sa vaca o cajom.


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Cancioneiros:

B 1581, V 1113

Descrição:

Cantiga de Escárnio e Maldizer

Mestria

Veerom-m'agora dizer
d'ũa molher que quero bem
que era prenhe, e já creer
nom lho quig'eu per nulha rem;
5 pero dix'eu: - Se est assi,
oimais nom creades per mim,
se a nom emprenhou alguém.
  
E digo-vos que m'é gram mal
daquesto que lhi conteceu,
10ca sõo eu cord'e leal,
pero me dam prez de sandeu;
mais vedes de que hei pesar:
daquel que a foi emprenhar,
de que cuidam que x'a fodeu.
  
15Pero juro-vos que nom sei
bem este foro de Leon
ca pouc'há que aqui cheguei;
mais direi-vos ũa razom:
em mia terra, per boa fé,
20a toda molher que prenh'é
logo lhi dizem com barom!


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Cancioneiros:

B 1582, V 1114

Descrição:

Cantiga de Escárnio e Maldizer

Fragmento

Fernam Gil ham aqui ameaçado
d'um seu rapaz e doestado mal;
e Fernam Gil tem-se por desonrado,
ca o rapaz é mui seu natural:
5ca é filho d'um vilão de seu padre
e demais foi criado de sa madre.


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Cancioneiros:

B 1583, V 1115

Descrição:

Cantiga de Escárnio e Maldizer

Refrão

Mari'Mateu, ir-me quer'eu daquém,
porque nom poss'um cono baratar:
alguém que mi o daria nõn'o tem,
e algu[é]m que o tem nom mi o quer dar.
5       Mari'Mateu, Mari'Mateu,
       tam desejosa ch'és de cono com'eu!
  
E foi Deus já de conos avondar
aqui outros, que o nom ham mester,
e ar feze-os muito desejar
10a mim e ti, pero que ch'és molher.
       Mari'Mateu, Mari'Mateu,
       tam desejosa ch'és de cono com'eu!


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Cancioneiros:

B 1584, V 1116

Descrição:

Cantiga de Escárnio e Maldizer

Mestria

Meestre Nicolás, a meu cuidar,
é mui bom físico: nom por saber
el assi as gentes bem guarecer,
mais vejo-lhi capelo d'ultramar
5e trage livros bem de Mompisler,
e latim come qual clérigo quer
entende, mais nõn'o sabe tornar.
  
E sabe seus livros sigo trager
come meestr'e sabe-os catar
10e sab[e] os cadernos bem cantar;
quiçai nom sabe per eles leer,
mais bem vos dirá quisquanto custou
todo per conta, ca ele x'os comprou.
Ora veede se há gram saber!
  
15E em bom ponto el tam muito leeu,
ca per [i] o preçam condes e reis,
e sabe contar quatro e cinc'e seis
per [e]strolomia que aprendeu;
e mais vos quer'end'ora dizer eu:
20mais vam a el que a meestr'Andreu,
des antano que o outro morreu.
  
E outras artes sab'el mui melhor
que estas todas de que vos falei:
diz das aves como vos [eu] direi:
25que x'as fezo todas Nostro Senhor;
e dos [e]stormentos diz tal razom:
que mui bem pod'em eles fazer som
tod'o homem que en seja sa[bedor].


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Cancioneiros:

B 1585, V 1117

Descrição:

Cantiga de Escárnio e Maldizer

Mestria

Sueir'Eanes, um vosso cantar
nos veo ora um jograr dizer,
e todos forom polo desfazer,
e punhei eu de vo-lo emparar;
5 e travarom em que era igual;
e dix'eu que cuidávades em al,
ca vos vi sempre daquesto guardar.
  
E outro trobador ar quis travar
em ũa cobra; mais por voss'amor
10emparei-vo-l'eu, nom vistes milhor:
"que a cobra rimava em um lugar";
e diss'el: - Pois por que rimou aqui?
E dix'eu: - De pram, nom diss'el assi,
mais tenho que xi a errou o jograr.
  
15E, amigos, outra rem vos direi:
polo jograr a cantiga dizer
igual, nom dev'o trobador a perder,
eu por Sueir'Eanes vo-lo hei:
ca dê'lo dia em que el trobou
20nunca cantar [i]gual fez nem rimou,
ca todos os seus cantares eu sei.


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Cancioneiros:

B 1586, V 1118

Descrição:

Cantiga de Escárnio e Maldizer

Mestria

Paai Rengel e outros dous romeus
de gram ventura, nom vistes maior,
guarecerom ora, loado a Deus:
que nom morrerom, por Nostro Senhor,
5em ũa lide que foi em Josafás:
a lide foi com'hoj', e come crás,
prenderam eles terra no Alcor.
  
E ben'os quis Deus de morte guardar,
Paai Rengel e outros dous, entom,
10d'ũa lide que foi em Ultramar:
que nom chegaram aquela sazom;
e vedes ora por quanto ficou:
que o dia que s'a lide juntou
prenderam eles port'a Mormojom.
  
15De como nom entrarom a Blandiz,
per que poderam na lide seer,
ca os quis Deos de morte guarecer,
per com'agora Paai Rengel diz;
e guarecerom de morte por en:
20que quand[o] a lide foi em Belém
aportarom eles em Tamariz.
  


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Cancioneiros:

B 1587, V 1119

Descrição:

Cantiga de Escárnio e Maldizer

Mestria

Covilheira velha, se vos fezesse
grande [e]scárnio, dereito faria,
ca me buscades vós mal cada dia;
e direi-vos em que vo-l'entendi:
5ca nunca velha fududancua vi
que me nom buscasse mal, se podesse.
  
E nom est ũa velha nem som duas
mas som vel cent'as que m'andam buscando
mal quanto podem e m'andam miscrando;
10e por esto rog'eu de coraçom
a Deus que nunca meta se mal nom
antre mim e velhas fududancuas.
  
E pero lança de morte me feira,
covilheira velha, se vós fazedes
15nẽum torto se me gram mal queredes;
ca Deus me tolha o corp'e quant'hei
se eu velha fududancua sei
hoje no mundo a que gram mal nom queira.
  
E se me gram mal queredes, covilheira
20velha, dig'eu que fazedes razom,
ca vos quer'eu gram mal de coraçom,
covilheira velha; e sabed'or'[al]:
des que fui nado, quig'eu sempre mal
a velha fududancua peideira.


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Cancioneiros:

B 1588, V 1120

Descrição:

Cantiga de Escárnio e Maldizer

Mestria

Bem me cuidei eu, Maria Garcia,
em outro dia, quando vos fodi,
que me nom partiss'en de vós assi
como me parti já, mão vazia,
5vel por serviço muito que vos fiz,
que me nom destes, como x'homem diz,
sequer um soldo que ceass'um dia.
  
Mais desta seerei eu escarmentado:
de nunca foder já outra tal molher
10se m'ant'algo na mão nom poser,
ca nom hei porque foda endoado;
e vós, se assi queredes foder,
sabedes como: ide-o fazer
com quem teverdes vistid'e calçado.
  
15Ca me nom vistides nem me calçades,
nem ar sej'eu eno vosso casal;
nem havedes sobre mim poder tal
por que vos foda, se me nom pagades
ante mui bem; e mais vos en direi:
20nulho medo, grado a Deus e a el-rei,
nom hei de força que me vós façades.
  
E, mia dona, quem pregunta nom erra
- e vós, por Deus, mandade preguntar
polos naturaes deste lugar
25se foderam nunca, em paz nem em guerra,
ergo se foi por alg'ou por amor.
Id'adubar vossa prol, ai senhor,
ca vedes: grad'a Deus, rei há na terra.


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Cancioneiros:

B 1589, V 1121

Descrição:

Cantiga de Escárnio e Maldizer

Refrão

Orraca López vi doente um dia
e preguntei-a se guareceria;
e disse-m'ela, tod'em jograria:
- Sõo velha e cuid'a guarecer.
5 E dixe-lh'eu: - Cuidades gram folia,
       ca i mais vej'eu das velhas morrer.
  
[E] dixe-lh'eu: - Gram folia pensades,
se per velhece a guarecer cuidades;
pero nom vos dig'eu que nom vivades
10quanto vos Deus quiser leixar viver;
mais em velhice nom vos atrevades,
       ca i mais vej'eu das velhas morrer.


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Cancioneiros:

B 1590, V 1122

Descrição:

Cantiga de Escárnio e Maldizer

Fragmento

A ũa velha quisera trobar
quand'em Toledo fiquei desta vez;
e veo-me Orraca López rogar
e disso-m'assi: - Por Deus que vos fez,
5 nom trobedes a nulha velh'aqui
ca cuidarám que trobades a mim.


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Cancioneiros:

B 1591, V 1123

Descrição:

Cantiga de Escárnio e Maldizer

Fragmento

Traj'agora Marinha Sabugal
ũa velha que adusse de sa terra,
a que quer bem, e ela lhi quer mal;
e faz-lh[e] algo, pero que lh[e] erra;
5mais ora quer ir moiros guerreiar,
e quer consig[o] a velha levar
mais a velha nom é doita da guerra.
  
Muit'a mando[u] e p................


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Cancioneiros:

B 1615, V 1148
(C 1616)

Descrição:

Tenção

Fragmento

- Pero da Ponte, ou eu nom vejo bem,
ou [de] pram essa cabeça nom é
a que vós antano, per boa fé,
levastes, quando fomos a Jeen;
5e cuido-m[e] eu [que] adormecestes
e roubador ou ladrom [...]
  
- A[fons'Eanes]..................
  
- P[ero da Ponte]......................
  
- A[fons'Eanes]..................


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Cancioneiros:

B 1616, V 1149

Descrição:

Cantiga de Escárnio e Maldizer

Fragmento

A mim dam preç', e nom é desguisado,
dos maltalhados, e nom erram i;
Joam Fernandes, o mour', outrossi,
nos maltalhados o vejo contado;
5e pero maltalhados semos [n]ós,
s'homem visse Pero da Ponte em cós,
semelhar-lh'-ia moi peor talhado.


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Cancioneiros:

B 1616bis, V 1149bis

Descrição:

Cantiga de Escárnio e Maldizer

Mestria

[...]
  
E pero Deus há gram poder,
non'o pode tant'ajudar,
que o peior possa tornar;
5pero bem sei que há poder
de dar grand'alg'a Dom Foam,
mais del seer peior, de pram,
do que é já, nom há en poder.
  
Pero lhi queira fazer Deus
10dez tanto bem do que lhi fez,
já nunca pode peior prez
haver per rem. Por en, por Deus,
como será peior que é
quem peior é, per bõa fé,
15de quantos fez nem fará Deus?


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Cancioneiros:

B 1617, V 1150
(C 1617)

Descrição:

Cantiga de Escárnio e Maldizer

Mestria

Marinha, ende folegares
tenh'eu por desaguisado;
e som mui maravilhado
de ti, por nom rebentares:
5ca che tapo eu [d]aquesta minha
boca a ta boca, Marinha;
e destes narizes meus
tapo eu, Marinha, os teus;
e das [mias]mãos as orelhas,
10os olhos, das sobrencelhas;
tapo-t'ao primeiro sono
da mia pissa o teu cono,
e mi o nom veja nengum,
e dos colhões [esse] cũ,
15Como nom rebentas Marinha?