João Mendes de Briteiros


Estranho mal e estranho pesar
é hoje o meu de quantos outros som
no mundo já, pois [a] mia senhor nom
praz que eu moira, mais quer que assi
5haj'a viver a gram pesar de mim.
E por aquesto, assi Deus me perdom,
muito m'é grave de viver e nom
posso viver se est'hei a passar.
  
 E por en sempre todo[s] m'estranhar
10devia[m] esto, com mui gram razom,
pois as mias coitas o meu coraçom
sofrer nom pode; mais sei que, des i,
tanto [so]fresse[m] com'eu sofr'aqui:
hei a viver sem grad'e, des entom,
15viv'em pesar; por en me[u] coraçom
nom pode já tanto mal endurar.



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Nota geral:

O trovador queixa-se do estranho mal e da estranha dor que é o amor, em particular o facto de a sua senhora não querer que ele morra, preferindo vê-lo arrastar-se sem nada lhe conceder. Uma mágoa que o seu coração não pode mais suportar.
Embora a composição não se afaste dos temas habituais da cantiga de amor, mais uma vez a inventiva de João Mendes de Briteiros (nomeadamente vocabular) leva a melhor aos lugares comuns.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras uníssonas
Dobre: (vv. 3 e 7 de cada estrofe)
nom (I), coraçom (II)
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 863, V 449

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 863

Cancioneiro da Vaticana - V 449


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas