João Mendes de Briteiros


Tal ventura quis Deus a mim, senhor,
 dar contra vós, que nom posso partir
meu coraçom de vos gram bem querer,
assi me tem forçad'o voss'amor,
5de tal força que nom posso fugir
a esses olhos, que forom veer
aquestes meus, mia senhor, por meu mal.
  
Pero bem sabe Deus, que pod'e val,
que sempr'eu pugi no meu coraçom
10em vos servir, porque vos sei amar
mais doutra rem; mais mia ventura tal
é contra vós, que nenhum galardom
nom hei de vós, senom quando catar
vou esses olhos, que por meu mal vi.
  
15Que eu vi sempre por gram mal de mi
e por gram mal daquestes olhos meus
que vos virom, mia senhor; e por en
a mia ventura me traj'or'assi
atam coitado, assi me valha Deus,
20por esses olhos, que per nulha rem
perder nom posso a gram coita que hei.



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Nota geral:

Os olhos da sua senhora estão no centro desta cantiga: o trovador não consegue fugir-lhes, para seu mal. Pois olhá-los é, ao mesmo tempo, a única recompensa que obtém pelo seu serviço e a origem do seu sofrimento.
Note-se que a composição segue um esquema rimático elaborado, com cobras capcaudadas (a rima do último verso de cada estrofe é retomada no primeiro verso da estrofe seguinte)



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras singulares
Palavra perduda: v. 7 de cada estrofe
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 859, V 445
(C 859)

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 859

Cancioneiro da Vaticana - V 445


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas