D. Dinis


- De que morredes, filha, a do corpo velido?
- Madre, moiro d'amores que mi deu meu amigo.
         Alva é, vai liero.
  
- De que morredes, filha, a do corpo louçano?
5- Madre, moiro d'amores que mi deu meu amado.
       Alva é, vai liero.
  
Madre, moiro d'amores que mi deu meu amigo,
 quando vej'esta cinta que por seu amor cingo.
       Alva é, vai liero.
  
10Madre, moiro d'amores que mi deu meu amado,
quando vej'esta cinta que por seu amor trago.
       Alva é, vai liero.
  
Quando vej'esta cinta que por seu amor cingo
e me nembra, fremosa, como falou conmigo.
15       Alva é, vai liero.
  
Quando vej'esta cinta que por seu amor trago
e me nembra, fremosa, como falámos ambos.
       Alva é, vai liero.



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Nota geral:

Num diálogo pleno de subtileza, a donzela confessa à sua mãe que morre de amores pelo seu amigo, especialmente quando olha para a cinta (faixa trabalhada) que ele lhe deu e se lembra das palavras que então trocaram.
Como acontece em várias cantigas de amigo de D. Dinis, o refrão deve ser entendido como exterior a este diálogo, no caso, como um eco do não-dito ou da voz interior da donzela, aludindo (de forma implícita e nunca explícita) a uma provável despedida pela manhã, depois de uma noite de amor (que é, de resto, o cenário tradicional do género alba).



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão e Paralelística
Cobras alternadas
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 567, V 170

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 567

Cancioneiro da Vaticana - V 170


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

De que morredes filha 

Versão de Maria de Lourdes Martins

Alva e vai liero 

Versão de Frederico de Freitas

De Que morredes? 

Versão de J. Vicente Narciso