D. Dinis


O que vos nunca cuidei a dizer,
com gram coita, senhor, vo-lo direi,
porque me vejo já por vós morrer;
ca sabedes que nunca vos falei
5de como me matava voss'amor;
 ca sabe Deus bem que doutra senhor,
que eu nom havia, mi vos chamei.
  
E tod[o] aquesto mi fez fazer
o mui gram medo que eu de vós hei
10e des i por vos dar a entender
que por outra morria - de que hei,
bem sabedes, mui pequeno pavor;
e des oimais, fremosa mia senhor,
se me matardes, bem vo-lo busquei.
  
15E creede que haverei prazer
de me matardes, pois eu certo sei
que esso pouco que hei de viver
que nẽum prazer nunca veerei;
e porque sõo desto sabedor,
20se mi quiserdes dar morte, senhor,
 por gram mercee vo-lo [eu] terrei.



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Nota geral:

O trovador, que se sente morrer de amor, confessa à sua senhora o que nunca lhe pensou dizer: que quando lhe deu a entender que gostava de uma outra (que não existe) estava apenas a fingir, por receio dela. Agora considera que, se ela o matar, será justo. Uma morte que até lhe dará prazer, porque acabará com o seu sofrimento.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras uníssonas
Palavra(s)-rima: (v. 6 de cada estrofe)
senhor
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 526, T 3, V 109

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 526

Cancioneiro da Vaticana - V 109

Pergaminho Sharrer - T 3


Versões musicais

Originais

III. O que vos nunca cuidei a dizer      versão audio disponível

Versões de D. Dinis

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas