João Garcia de Guilhade


Estes meus olhos nunca perderám,
 senhor, gram coita, mentr'eu vivo for;
e direi-vos, fremosa mia senhor,
destes meus olhos a coita que ham:
5       choram e cegam, quand'alguém nom veem,
       e ora cegam por alguém que veem.
  
 Guisado têm de nunca perder
meus olhos coita e meu coraçom,
e estas coitas, senhor, mĩas som:
10mais los meus olhos, por alguém veer,
       choram e cegam, quand'alguém nom veem,
       e ora cegam por alguém que veem.
  
E nunca já poderei haver bem,
pois que Amor já nom quer nem quer Deus;
15mais os cativos destes olhos meus
morrerám sempre por veer alguém:
       choram e cegam, quand'alguém nom veem,
       e ora cegam por alguém que veem.



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Nota geral:

Dirigindo-se à sua senhora, o trovador transfere metonimicamente toda a mágoa que sente para os seus próprios olhos: ficam cegos de tanto chorar quando a não vêem, e ficam igualmente cegos quando a vêem (e à sua luz).



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Refrão
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

A 237

Cancioneiro da Ajuda - A 237


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Estes meus ollos      versão audio disponível

Versão de DOA