Fernão Gonçalves de Seabra


  Neguei mia coita des ũa sazom;
mas com gram coita que houv'e que hei,
houvi a falar i como vos direi:
enos cantares que fiz des entom,
5       em guisa soube mia coita dizer
       que nunca mi a puderom entender!
  
E, sabe Deus, quem mui gram coita tem,
com'eu tenho, nom há poder d'estar
que nom haja i já quant'a falar;
10enos cantares que eu fiz por en
       em guisa soube mia coita dizer
       que nunca mi a puderom entender!
  
Algum sabor prend'home quando diz
já quê da coita que sofr'e do mal,
15com'eu sofro; mais hei a temer al:
enos cantares que des entom fiz
       em guisa soube mia coita dizer
       que nunca mi a poderom entender!



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Nota geral:

Tendo escondido o seu sofrimento durante um certo tempo, o trovador não aguentou mais e revelou-o nos seus cantares. Mas fê-lo de tal forma que ninguém verdadeiramente o entendeu. Qualquer pessoa se sente aliviada por falar um pouco dos seus males e foi o que ele fez, de forma subtil, uma forma que o deixa, mesmo assim, algo receoso.
A cantiga deve relacionar-se com a que a precede nos manuscritos. Em quase todas as suas restantes cantigas de amor será este também o tema central do trovador.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Refrão
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

A 211

Cancioneiro da Ajuda - A 211


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas