Rui Gomes, o Freire


Oimais nom sei eu, mia senhor,
rem per que eu possa perder
coita, nos dias que viver,
pois vós nom havedes sabor
5que vos eu diga nulha rem
de quanto mal me por vós vem.
E pesa-vos de vos amar
 eu, e nom m'hei end'a quitar,
  
entanto com'eu vi[vo] for,
 10ca nom hei poder d'al fazer.
Ca se d'al houvesse poder,
haver-vos-ia desamor,
assi como vos hei gram bem
 a querer, sem grad'; e por en
15me pesa, porque começar
foi convosc', a vosso pesar.
  
E pois a vós pesa, de pram,
de que convosco comecei,
guisad'é que nom perderei,
20sem morrer, coita nem afã
por vós, senhor, pois me nom val
 contra vós serviço, nem al
 que vos faça; pero que quer
 vos sofrerei, mentr'eu poder
  
25viver. Mais nom me leixarám
os desejos que de vós hei,
que eu, senhor, nom poder[ei]
sofrer: assi me coitarám
por vós, que me queredes mal
30porque vos am'; e pois atal
ventura hei, hei mui mester
de morrer, pois a vós prouguer.



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Nota geral:

O trovador diz à sua senhora que jamais deixará de sofrer, uma vez que ela se recusa a ouvi-lo e fica incomodada com o seu amor. E lamenta então amá-la, um sentimento que, diz, é independente da sua vontade - se pudesse, deixaria de a amar, evitando assim o pesar que lhe causa. Como não pode, e sabe que, por mais que faça, nunca nada obterá dela, também nunca perderá coita, ânsia e desejo, E se esta é a sua triste sina, mais lhe vale morrer, se isso lhe der prazer.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras doblas
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 50

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 50


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas