João Lobeira


Se soubess'ora mia senhor
que muit'a mi praz d'eu morrer
ante ca sa ira temer,
(que houv' e que sempre temi
5mais ca morte, des que a vi)
pesar-lh'-ia mais doutra rem
d'eu morrer, pois a mi praz en.
  
Esto entend'eu do seu amor,
ca, des que a vi, vi-lh'haver
10sempre pesar do meu prazer
e sempre sanha contra mi;
e por esto entend'eu assi:
que da morte, que m'ora vem,
pesar-lh'-á, porque é meu bem.
  
15Desto sõo já sabedor;
 e ar prazer-mi-á de saber:
des que eu mort'[assi] prender,
que[m] lhi sofrerá des ali
tantas coitas com'eu sofri?
20Eu creo que lhi falrá quem,
 pero m'ela tev'em desdém,
  
des que a vi; e se pavor
eu nom houvesse de viver
(o que Deus nom leixe seer),
25diria quanto mal prendi
dela, por bem que a servi,
 e de como errou o sem
contra mi; mais nom mi convém.



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Nota geral:

Como tudo o que dá prazer ao trovador desagrada à sua senhora, decerto a sua morte, que sente próxima, e que deseja, lhe causará pesar. Mas, uma vez morto, quem suportará os seus rigores, como ele suporta´? Decerto ela não encontrará ninguém como ele. No final da cantiga, ele renuncia a especificar todos os males que ela lhe fez sofrer, porque "não lhe convém" (uma vez que ainda está vivo e ao seu serviço, pressupõe-se).



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras uníssonas
Palavra perduda: v. 1 de cada estrofe
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 247

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 247


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas