Airas Peres Vuitorom


Dom Bernaldo, por que nom entendedes
camanh'escarnho vos fazem aqui?
Ca nunca mais escarnid'home vi
 ca vós andades, aqui u vivedes;
5ca escarnh'é pera mui bom segrel
a que x'assi vam foder a molher,
com'a vós fodem esta que tragedes.
  
E, Dom Bernaldo, se o nom sabedes,
 quero-vos eu dizer quant'end':
10molher tragedes, com'eu aprendi,
que vos fodem, e de que ficaredes
com mal escarnho, se vos emprenhar
 d'algum rapaz e vos depois leixar
filho doutro, que por vosso criedes.
  
15Mais semelha-xe-nos que vós queredes
que xi vos fodam a molher assi,
ca, se nom, fugiríades dali
d'u vo-la fodem, Dom Bernal; e vedes:
nom é maravilha de xi vos foder
20a molher, mais fodem-vos do haver,
ca xi vos fodem mal de quant'havedes.



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Nota geral:

Esta cantiga é dirigida ao segrel Bernaldo do Bonaval, cuja vida alegadamente libertina deu azo a várias chacotas por parte dos seus pares. Aqui é a mulher que o acompanha, provavelmente uma soldadeira, que serve de pretexto. Ainda que o não refira abertamente, a cantiga deve, no entanto, entender-se no quadro das alusões aos gostos homossexuais do segrel, referidos por outras cantigas (a última das quais de tema muito semelhante a esta).



Nota geral


Descrição

Cantiga de Escárnio e maldizer
Mestria
Cobras uníssonas (rima c singular)
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1475, V 1086

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1475

Cancioneiro da Vaticana - V 1086


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas