Pero Mendes da Fonseca


 Senhor fremosa, vou-mi alhur morar,
per boa fé, muit'a pesar de mi,
porque vos pesa d'e[u] viver aqui
 - por en faç'eu dereit'em mi pesar;
  5que grave coita, senhor, d'endurar:
        and'u vos vej'e nom posso guarir,
       de mais haver-me de vós a partir!
  
Vej'eu, senhor, que vos faç'i prazer,
mais faç'a mi mui gram pesar por en
10- viver sem vós, ai meu lum'e meu bem,
pero nom sei como possa seer;
que grave cousa, senhor, de sofrer:
       and'u vos vej'e nom posso guarir,
       de mais haver-me de vós a partir!
  
 15Já [eu, senhor], mi vos espedirei,
atá que Deus vos met'em coraçom
que me queirades caber a razom,
pero sei bem que pouco viverei;
que grave cousa que de sofrer hei:
20       and'u vos vej'e nom posso guarir,
       de mais haver-me de vós a partir!



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Nota geral:

Tal como na cantiga anterior, o trovador despede-se da sua senhora: vai partir, contrariado, indo morar para longe dela, uma vez que a sua presença a incomoda. Uma vida difícil é a que ele tem: perto dela a vida corre-lhe mal mas sofre enormemente com a partida. E se ao partir lhe dará prazer, a si próprio causará o maior sofrimento. Manter-se-á, no entanto, afastado, até que ela se decida a ser razoável - embora sinta que pouco viverá.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Refrão
Cobras singulares
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Fontes manuscritas

B 1123, V 715

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1123

Cancioneiro da Vaticana - V 715


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas