João Peres de Aboim
Trovador medieval


Nacionalidade: Portuguesa

Notas biográficas:

Trovador e magnate português, cuja biografia é relativamente conhecida, até por dela se terem ocupado D. Carolina Michaëlis1, ou, mais recentemente, Leontina Ventura2. Natural de Aboim da Nóbrega, a sul de Ponte da Barca, no Entre-Douro-e-Minho, onde terá nascido por volta de 1213, era filho de Pero Ourigues da Nóbrega, camareiro do infante Afonso (futuro Afonso III). Em 1230, partiu com o pai para França, acompanhando o infante na sua estadia de cerca de quinze anos na corte francesa, junto de sua tia Branca de Castela, viúva de Luís VIII e regente. Com ele regressaria em 1245, no início da guerra civil que levaria o então Conde de Bolonha ao trono. A partir desse momento, D. João de Aboim, feito rico-homem por Afonso III, torna-se uma das mais importantes figuras da corte do Bolonhês, sendo sucessivamente conselheiro régio (desde 1248), alferes (1250-1255), mordomo da rainha D. Beatriz (1254-1259) e, a partir de 1264 até à morte do monarca, mordomo-mor da cúria. Foi ainda tenente de Ponte de Lima e do Alentejo. Para além dos cargos desempenhados, recebeu igualmente numerosas doações do rei, das quais a mais importante terá sido a concessão, em 1261, do senhorio de Portel, com a permissão de aí construir um castelo. Através destas doações, mas também por compras ou trocas, construiu um imenso património, detendo bens um pouco por todo o país, tanto na sua região de origem, o Entre-Douro-e-Minho, como na Beira Litoral (Coimbra, Leiria, Ourém), no Ribatejo (Santarém, Torres Novas, Cartaxo), na Estremadura (Lisboa, Torres Vedras, Mafra, Sintra) ou no Alentejo (onde, além de Portel, fundou Vila Boim e o mosteiro de Marmelar), numa listagem pouco exaustiva. Como nos dizem os Livros de Linhagens, possuiu ele próprio uma corte senhorial com mui bons vassalos.
Depois da morte de Afonso III, continua a assinar documentos na corte de D. Dinis, agora como tenente de Évora. Acrescente-se, no entanto, que D. João de Aboim é um dos signatários da sentença contra o infante Sancho de Castela, lavrada por Afonso X em Sevilha, em 12823 (o que talvez indicie algum afastamento em relação à política do monarca português, que tomou o partido do infante no grave conflito sucessório que manteve com seu pai).
Logo aquando do seu regresso a Portugal, em 1246, D. João casara com Marinha Afonso de Arganil, de quem teve dois filhos. Faleceu em Março de 1285 e está sepultado no mosteiro de Marmelar.


Referências

1 Vasconcelos, Carolina Michaëlis de (1990), Cancioneiro da Ajuda, vol. II, Lisboa, Imprensa nacional - Casa da Moeda (reimpressão da edição de Halle, 1904), pp. 354-364.

2 Ventura, Leontina, "João Peres de Aboim - da terra da Nóbrega à corte de Afonso III", in Revista de História Económica e Social, 18.

3 González Jiménez, Manuel (Ed.) (1991), Diplomatario andaluz de Alfonso X, El Monte, Caja de Huelva y Sevilla.

Ler todas as cantigas (por ordem dos cancioneiros)


Cantigas (por ordem alfabética):


Amig'houv'eu a que queria bem
Cantiga de Amigo

Amigo, pois me leixades
Cantiga de Amigo

Cavalgava noutro dia
Pastorela

Cuidades vós, meu amigo, ũa rem:
Cantiga de Amigo

Disserom-mi ora de vós ũa rem
Cantiga de Amigo

Dized', amigo, em que vos mereci
Cantiga de Amigo

- Joam Soárez, comecei
Tenção

- Joam Soárez, nom poss'eu estar
Tenção

- Lourenço, soías tu guarecer
Tenção

O por que sempre mia madre roguei
Cantiga de Amigo

Par Deus, amigo, nunca eu cuidei
Cantiga de Amigo

Pero vos ides, amigo
Cantiga de Amigo

Que bõas novas que hoj'oirá
Cantiga de Amigo

Vistes, madre, quando meu amigo
Cantiga de Amigo


Autoria duvidosa:


Dizem-mi as gentes por que nom trobei
Cantiga de Amor

Muitos vej'eu que se fazem de mi
Cantiga de Amor

Nostro Senhor, que mi a mim faz amar
Cantiga de Amor

Per mi sei eu o poder que Amor
Cantiga de Amor

[...] que me vós nunca quisestes fazer
Cantiga de Amor

Que sem meu grado m'hoj'eu partirei
Cantiga de Amor