João Peres de Aboim


Amigo, pois me leixades
e vos ides alhur morar,
rog'eu a Deus, se tornades
aqui por comigo falar,
5       que nom hajades, amigo,
       poder de falar comigo.
  
E, pois vos vós ir queredes
e me nom queredes creer,
rog'a Deus, se o fazedes
10e tornardes por me veer,
       que nom hajades, amigo,
       poder de falar comigo.
  
 Pois nom catades mesura,
nem quanto vos eu fiz de bem,
15rog'a Deus, se per ventura
tornardes por mi dizer rem,
       que nom hajades, amigo,
       poder de falar comigo.
  
Pois vos ides sem meu grado
20e nom dades nada por mi,
rog'eu a Deus, se coitado
fordes e tornardes aqui,
       que nom hajades, amigo,
       poder de falar comigo.



 ----- Aumentar letra ----- Diminuir letra

Nota geral:

Parecendo em sequência direta com a cantiga anterior, a donzela diz agora ao seu amigo que, se ele decidiu partir e ir morar para outro lugar, contra a sua vontade, só espera que, caso regresse, não consiga falar com ela de nenhuma maneira.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 673, V 275

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 673

Cancioneiro da Vaticana - V 275


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas