Pero Anes Marinho

Rubrica:

Esta cantiga fez Pero Anes Marinho, filho de Joam Peres de Valdadares, per salvar outra que fez Jo[am] Airas de Santiago, que diz assim [o] começo: “Dizem, amigo, que outra senhor queredes vós, sem meu grado, filhar”


Boa senhor, o que me foi miscrar
vosco por certo soube-vos mentir:
que outra dona punhei de servir;
 de tal razom me vos venho salvar:
5       se eu a molher hoje quero bem
       senom a vós, quero morrer por en.
  
E, nobr'amiga, pois vos sei amar
de coraçom, devedes receber
aquesta salva que venho fazer
10e nom creades quem quer profaçar:
       se eu a molher hoje quero bem
       senom a vós, quero morrer por en.
  
E, meu amor, eu vos venho rogar
que nom creades nẽum dizedor
 15escontra mim, meu lum'e meu amor,
dos que me querem [vosco] mal buscar,
       se eu a molher hoje quero bem
       senom a vós, quero morrer por en.
  
Nem quer'eu dona por senhor tomar
20senom vós, que amo e quero amar.



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Nota geral:

A rubrica que acompanha a cantiga explica a circunstância que a motivou: o trovador responde aqui à voz feminina de uma cantiga de amigo de João Airas de Santiago, voz essa que acusava o seu amigo de ter arranjado outra senhora apenas para a magoar. O trovador nega, pois, essa acusação, pedindo à dama que não acredite em maldizentes e intriguistas e jurando-lhe que só a ela quer bem.
Já as circunstâncias deste curioso e raro diálogo entre dois trovadores são mais difíceis de apurar.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Refrão
Cobras rima a uníssona, rima b singular
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 935, V 523
(C 937)

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 935

Cancioneiro da Vaticana - V 523


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas