Paio Gomes Charinho


Vou-m'eu, senhor, e quero-vos leixar
encomendad'este meu coraçom
 - que fique vosc', e faredes razom,
senhor, se vos algũa vez nembrar;
5ca el de vós nunca se partirá,
e de mi, senhor, por Deus, que será
poilo coraçom migo nom levar?
  
Poilo meu coraçom vosco ficar,
ai, mia senhor, pois que m'eu vou daqui,
10nembre-vos sempre, [e] faredes i
gram mesura; ca nom sab'el amar
 tam muit'outra rem come vós, senhor;
pois vosco fica a tam gram sabor,
nom o devedes a desemparar.
  
15E praza-vos, pois vosco quer andar
meu coraçom e nunca se part[ir]
de vós, senhor, nem jamais alhur ir,
mais quer, senhor, sempre vosco morar,
ca nunca soub[e] amar outra rem;
20e nembre-vos del, senhor, por gram bem
e gram mesura que vos Deus quis dar.



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Nota geral:

O trovador despede-se da sua senhora, pois vai partir, mas deixa-lhe o seu coração, pedindo-lhe que o proteja e se lembre dele pelo menos alguma vez. O que fará ele próprio sem o seu coração não sabe. Mas deixa-o com ela, pois, incapaz de se afastar, é perto dela, a única que ele ama e sempre amou, que o seu coração quer ficar.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras singulares (rima a uníssona)
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Fontes manuscritas

B 844, V 430

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 844

Cancioneiro da Vaticana - V 430


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas