Paio Gomes Charinho


Muitos dizem com gram coita d'amor
que querriam morrer e que assi
perderiam coitas; mais eu de mi
quero dizer verdad'a mia senhor:
5       queria-me lh'eu mui gram bem querer,
       mais nom queria por ela morrer
  
com'outros morrerom. E que prol tem?
Ca, des que morrer, non'a veerei,
nem bõo serviço nunca lhi farei.
10Por end'a senhor que eu quero bem
       queria-me lh'eu mui gram bem querer
       mais nom queria por ela morrer
  
com'outros morrerom no mundo já,
que depois nunca poderom servir
15as por que morrerom, nem lhis pedir
 rem. Por end'a que m'estas coitas dá
       queria-me lh'eu mui gram bem querer
       mais nom queria por ela morrer;
  
ca nunca lhi tam bem posso fazer
20serviço morto como se viver.



 ----- Aumentar letra ----- Diminuir letra

Nota geral:

Se muitos dos que sofrem mágoas de amor dizem que queriam morrer para assim deixarem de sofrer, o trovador dispõe-se a dizer à sua senhora o contrário: quer amá-la mas não quer morrer por ela, pois deixaria de a poder ver e de a poder servir. E, como conclui na finda, nunca morto lhe poderá fazer tão bom serviço como vivo.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Refrão
Cobras singulares
Ateúda atá finda
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 809, V 393

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 809

Cancioneiro da Vaticana - V 393


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas