Estêvão da Guarda


 - A voss'amig', amiga, que prol tem
servir-vos sempre mui de coraçom
sem bem que haja de vós se mal nom?
- E com', amiga?! Nom tem el por bem
5       entender de mi que lhi consent'eu
       de me servir e se chamar por meu?
  
- Que prol tem el ou que talam lhe dá
de vos servir e amar mais que al
sem bem que haja de vós se nom mal?
10- E nom tem el, amiga, que bem há
       entender de mi que lhi consent'eu
       de me servir e se chamar por meu?
  
- A Deus, amiga, que nos ceos ,
pero sei bem que me tem em poder,
15non'O servirei senom por bem fazer.
- E com', amiga?! E tem el que pouc'é
       entender de mi que lhi consent'eu
       de me servir e se chamar por meu?



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Nota geral:

Uma amiga pergunta à donzela que adianta ao amigo desta servi-la lealmente sem nunca obter qualquer recompensa. E a donzela admira-se: não será recompensa suficiente ela permitir-lhe que ele a sirva e que diga que é seu amigo? Na estrofe final, a amiga recorre a uma curiosa comparação: também quando serve a Deus é na mira de obter algum bem. Mantendo-se inalterável (até porque em refrão), a resposta da donzela neste lugar não deixa de apelar a uma reflexão de caráter bem mais abrangente.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão, Dialogada
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 779, V 362
(C 779)

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 779

Cancioneiro da Vaticana - V 362


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas