Afonso Lopes de Baião


Fui eu, fremosa, fazer oraçom,
 nom por mia alma, mais que viss'eu i
o meu amigo, e, poilo nom vi,
vedes, amigas, se Deus mi perdom,
5       gram dereit'é de lazerar por en,
       pois el nom vẽo, nem haver meu bem.
  
Ca fui eu [i] chorar dos olhos meus,
 mias amigas, e candeas queimar,
nom por mia alma, mais polo achar,
10e, pois nom vẽo nen'o 'dusse Deus,
       gram dereit'é de lazerar por en,
       pois el nom vẽo, nem haver meu bem.
  
Fui eu rogar muit'a Nostro Senhor,
nom por mia alma, e candeas queimei,
15mais por veer o que eu muit'amei
sempr', e nom vẽo, o meu traedor:
       gram dereit'é de lazerar por en,
       pois el nom vẽo, nem haver meu bem.



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Nota geral:

História de um encontro falhado: a moça foi rezar a uma ermida, não por devoção, como repetidamente nos diz, mas para se encontrar com o seu amigo; como ele não apareceu, ela considera justo fazê-lo sofrer e recusar-lhe doravante qualquer recompensa.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 738, V 339
(C 738)

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 738

Cancioneiro da Vaticana - V 339


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas