D. Dinis


O voss'amig', ai amiga,
de que vos muito fiades,
tanto quer'eu que sabiades:
que ũa, que Deus maldiga,
5       vo-lo tem louc'e tolheito,
       e moir'end'eu com despeito.
  
 Nom hei rem que vos asconda
nem vos será encoberto,
mais sabede bem por certo
10que ũa, que Deus cofonda,
       vo-lo tem louc'e tolheito,
       e moir'end'eu com despeito.
  
Nom sei molher que se pague
de lh'outras o seu amigo
 15filhar, e por en vos digo
que ũa, que Deus estrague,
       vo-lo tem louc'e tolheito,
       e moir'end'eu com despeito.
  
E faço mui gram dereito,
20pois quero vosso proveito.



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Nota geral:

Uma amiga conta à donzela que o seu amigo, em que ela tanto confia, afinal tem outra, uma malvada que o domina completamente. Muito incomodada com a situação, esta amiga (que fala), e que só lhe quer bem, decide não lhe esconder nada, até porque pensa que nenhuma mulher gosta que lhe roubem o namorado.
Se este é o resumo possível de uma leitura imediatista, talvez possamos entender também que o "despeito" que sente esta voz feminina poderá ter origem em motivos menos altruístas.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 594, V 197

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 594

Cancioneiro da Vaticana - V 197


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas