D. Dinis


O meu amigo há de mal assaz,
tant', amiga, que muito mal per é,
 que no mal nom há mais, per bõa fé,
 e tod'aquesto vedes que lho faz:
5       porque nom cuida de mi bem haver,
        viv'em coita, coitado per morrer.
  
Tanto mal sofre, se Deus mi perdom,
que já eu, amiga, del doo hei,
e, per quanto de sa fazenda sei,
10tod'este mal é por esta razom:
       porque nom cuida de mi bem haver,
       viv'em coita, coitado per morrer.
  
Morrerá desta, u nom pod'haver al,
que toma em si tamanho pesar
15que se nom pode de morte guardar
e, amiga, vem-lhi tod'este mal
       porque nom cuida de mi bem haver,
       viv'em coita, coitado per morrer.
  
Ca, se cuidasse de mi bem haver,
 20ant'el quer[r]ia viver ca morrer.



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Nota geral:

Dirigindo-se a uma amiga, a donzela confessa conhecer perfeitamente o sofrimento por que o seu amigo passa, por ela lhe recusar os seus favores. Tanto que chega a ter dó dele.
Note-se que a voz feminina desta cantiga é simétrica da voz masculina de muitas cantigas de amor, ou seja, que o trovador quase se limita a colocar na voz desta donzela as queixas que faz em voz própria.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 580, V 183

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 580

Cancioneiro da Vaticana - V 183


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas