| | | D. Dinis | | | | Translate |
| | | | - Ai flores, ai flores do verde pino, | | | | se sabedes novas do meu amigo? | | | | Ai Deus, e u é? | | | | | Ai flores, ai flores do verde ramo, | | 5 | | se sabedes novas do meu amado? | | | | Ai Deus, e u é? | | | | | Se sabedes novas do meu amigo, | | | | aquel que mentiu do que pôs conmigo? | | | | Ai Deus, e u é? | | | 10 | | Se sabedes novas do meu amado, | | | | aquel que mentiu do que mi há jurado? | | | | Ai Deus, e u é? | | | | | - Vós me preguntades polo voss'amigo | | | | e eu bem vos digo que é san'e vivo. | | 15 | | Ai Deus, e u é? | | | | | - Vós me preguntades polo voss'amado | | | | e eu bem vos digo que é viv'e sano. | | | | Ai Deus, e u é? | | | | | - E eu bem vos digo que é san'e vivo | | 20 | | e será vosco ant'o prazo saído. | | | | Ai Deus, e u é? | | | | | - E eu bem vos digo que é viv'e sano | | | | e será vosc[o] ant'o prazo passado. | | | | Ai Deus, e u é? |
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| Nota geral: Esta é, seguramente, a mais conhecida cantiga de D. Dinis, e uma das mais célebres da Lírica Galego-Portuguesa. Com inteira justiça, poderemos dizer, já que se trata de uma composição que exemplifica, de forma notável, o modo como a arte trovadoresca é, por vezes, capaz de alcançar uma extraordinária profundidade de campo através da sábia conjugação dos recursos (aparentemente) mais simples e elementares. Não sendo este o espaço para uma análise aprofundada da riqueza e complexidade da cantiga, apontam-se apenas algumas das linhas que poderão eventualmente ajudar a esse entendimento: - a cantiga pode dividir-se em dois momentos exatamente simétricos: a fala da donzela e a resposta das "flores do verde pino" - o diálogo da donzela com estas (inusitadas) "flores" é exemplo único (na Lírica Galego-Portuguesa) de personificação da Natureza (apenas na "Pastorela do Papagaio" (também de D. Dinis, encontramos um caso semelhante, mas aí de uma ave a falar). - o cenário (idílico mas isolado) onde a donzela se encontra decorre implicitamente deste diálogo (como implícito é o motivo da sua presença ali: decerto à espera do amigo) - a técnica do paralelismo implica aqui, não uma repetição e amplificação do que é dito nas estrofes iniciais (como acontece frequentemente neste género de cantigas), mas uma verdadeira intensificação narrativa: o tempo passa, o seu amigo não vem, a donzela inquieta-se. Na sua fala inicial, por exemplo, ela passa rapidamente do simples pedido de notícias à hipótese de ele a ter enganado (o mentiroso!). - na sua resposta, as flores sossegam-na. Note-se, no entanto, que esta resposta, no seu segmento inicial (o seu amigo está vivo e de saúde) não incide nas perguntas explícitas da donzela, mas antes na pergunta que ela não ousa formular: teria o seu amigo morrido? - finalmente, no segmento final da resposta (ele virá antes de passar a hora combinada), percebemos que essa hora ainda não passou, ou seja, que a donzela chegou muito antes e que toda a sua inquietação não passa disso mesmo: inquietação de uma jovem apaixonada, sozinha num pinhal e insegura (e note-se como o refrão, inalterado, para isso contribui).
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Nota geral
Descrição
Cantiga de Amigo Refrão e Paralelística Cobras alternadas (Saber mais)
Fontes manuscritas
B 568, V 171
Versões musicais
Originais
Desconhecidas
Contrafactum
Ai flores, ai flores do verde pino Versão de José Augusto Alegria, Pedro Caldeira Cabral
Ay flores, Ay flores do verde pino Versão de José Augusto Alegria
Flores de verde pino Versão de José Augusto Alegria, Mondeguinas - Tuna Feminina da Universidade de Coimbra
Composição/Recriação moderna
Ai flores de verde pino Versão de Maria de Lourdes Martins
Ai flores, ai flores, do verde pino Versão de Victor Macedo Pinto
Ai flores! Ai flores! Versão de Miguel Carneiro
Cantar d’amigo (Do meu quadrante: Illuminuras: op. 17, nº6-12) Versão de Cláudio Carneyro
Ay flores do verde pino – Cantar de amigo (versão para canto e guitarra) Versões de Frederico de Freitas
Ai flores do verde pinho Versão de Pedro Barroso
Ai, flores do verde pino Versão de Amancio Prada
Ai flores do verde pino (versão para canto - soprano, tenor e coro - e piano/harpa) Versões de Tomás Borba
Flores do verde pino Versão de Marta Dias
Ai flores do verde pinho Versão de José Mário Branco
Ai, flores do verde pino Versão de José Carlos Godinho
Ay Deus, e hu é? Versão de Barahúnda
Cantigas de Amigo: Ai flores Versão de Ivan Moody
Ai flores do verde pino Versão de Miguel Carneiro, Choral Polyphonico João Rodrigues de Deus
Linhagem Versão de Eurico Carrapatoso
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