D. Dinis


O meu amig', amiga, nom quer'eu
que haja gram pesar nem gram prazer,
e quer'eu este preit'assi trager,
ca m'atrevo tanto no feito seu:
5       non'o quero guarir nen'o matar,
       nen'o quero de mi desasperar.
  
Ca, se lh'eu amor mostrasse, bem sei
que lhi seria end'atam gram bem
que lh'haveriam d'entender por en
 10qual bem mi quer; por end'esto farei:
       non'o quero guarir nen'o matar,
       nen'o quero de mi desasperar.
  
E, se lhi mostrass'algum desamor,
nom se podia guardar de morte,
 15tant'haveria en coita forte,
mais, por eu nom errar end'o melhor,
       non'o quero guarir nen'o matar,
       nen'o quero de mi desasperar.
  
E assi se pode seu tempo passar,
20quando com prazer, quando com pesar.



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Nota geral:

A donzela confessa a uma amiga a sua estratégia em relação ao seu amigo: não o tratar demasiado bem nem demasiado mal. Isto porque, se o tratar demasiado bem, ele seria incapaz de manter a discrição e todos ficariam a par dos seus amores; se o tratar demasiado mal, ele decerto morrerá de dor. De modo que o melhor é deixar correr o tempo, ora dando-lhe algum prazer, ora fazendo-o sofrer um pouco.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 559, V 162

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 559

Cancioneiro da Vaticana - V 162


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas