D. Dinis


Senhor, aquel que sempre sofre mal,
mentre mal há, nom sabe que é bem;
e o que sofre bem sempr', outro tal
do mal nom pode saber nulha rem;
5por en querede, pois que eu, senhor,
por vós fui sempre de mal sofredor,
que algum tempo sábia que é bem.
  
Ca o bem, senhor, nom poss'eu saber
senom per vós, per que eu o mal sei;
10des i o mal non'o posso perder
se per vós nom; e poilo bem nom hei,
quered'ora, senhor, vel por Deus já,
que em vós pôs quanto bem no mund'há,
que o bem sábia, pois que [o] nom sei.
  
15Ca se nom souber algũa sazom
o bem por vós, por que eu mal sofri,
nom tenh'eu já i se morte nom
e vós perdedes mesura em mi;
por en querede, por Deus que vos deu
20tam muito bem, que por vós sábia eu
o bem, senhor, por quanto mal sofri.



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Nota geral:

Desenvolvendo um cerrado jogo centrado na oposição mal/bem (nos vários sentidos destes termos), o trovador pede à sua senhora que lhe dê a possibilidade de conhecer o bem, já que, até àquele momento, dela só conheceu o mal.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras singulares
Dobre: (vv. 2 e 7 de cada estrofe)
bem (I), sei (II), sofri (III)
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 549, V 152

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 549

Cancioneiro da Vaticana - V 152


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas