D. Dinis


Senhor fremosa, por qual vos Deus fez
e por quanto bem em vós quis poer,
se m'agora quiséssedes dizer
o que vos já preguntei outra vez,
5tenho que mi faríades gram bem:
de mi dizerdes quanto mal mi vem
por vós, se vos éste loor ou prez.
  
Ca se vos fosse ou prez ou loor,
de me matardes seria razom
10e nom diria eu por en de nom;
mais d'atanto seede sabedor:
que nẽum prez nem loor nom vos é,
 ant'errades muito, per bõa fé,
de me matardes, fremosa senhor.
  
15E sabem quantos sabem vós e mi
que nunca cousa come vós amei;
des i sabem que nunca vos errei
[e] er sabem que sempre vos servi
o melhor que pud'e soubi cuidar;
20e por en fazedes de me matar
mal, pois vo-l'eu, senhor, nom mereci.



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Nota geral:

Dirigindo-se à sua senhora formosa, o trovador pergunta-lhe se o mal que lhe faz constitui para ela louvor e honra. Se fosse assim, ele até concordaria que matá-lo seria uma coisa justa; mas acontece que é simplesmente um erro e um mal, porque todos sabem que a única culpa que ele tem é amá-la e servi-la lealmente há muito tempo.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras singulares
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Fontes manuscritas

B 519b, V 122

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 519b

Cancioneiro da Vaticana - V 122


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas