D. Dinis


Senhor, des quando vos vi
e que fui vosco falar,
sabed'agora per mi
que tanto fui desejar
5vosso bem; e pois é 'ssi
que pouco posso durar
e moiro-m'assi de chão,
       porque mi fazedes mal
        e de vós nom ar hei al,
10       mia morte tenho na mão.
  
 Ca tam muito desejei
haver bem de vós, senhor,
que verdade vos direi,
se Deus mi dê voss'amor:
15por quant'hoj'eu creer sei,
com cuidad'e com pavor
meu coraçom nom é são;
       porque mi fazedes mal,
       e de vós nom ar hei al,
20       mia morte tenho na mão.
  
E venho-vo-lo dizer,
senhor do meu coraçom,
que possades entender
como prendi o cajom,
25quando vos [eu] fui veer;
e por aquesta razom
moir'assi servind'em vão;
       porque a mim fazedes mal
       e de vós nom ar hei al,
30       mia morte tenho na mão.



 ----- Aumentar letra ----- Diminuir letra

Nota geral:

Desde que viu e desejou a sua senhora, o trovador sente que pouco pode durar. Se a temática da cantiga não é nova, a sua construção muito ritmada e, sobretudo, a utilização de expressões pouco habituais na linguagem trovadoresca (como o verso final do refrão) tornam-na particularmente original.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Refrão
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 513, V 96

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 513

Cancioneiro da Vaticana - V 96


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas