Afonso X


        Penhoremos o daiam
       na cadela, polo cam.
  
Pois que me foi el furtar
 meu podeng'e mi o negar
5- e quant'é, a meu cuidar,
 destes penhos, pesar-lh'-am:
ca o quer'eu penhorar
na cadela, polo cam.
       Penhoremos o daiam
10       na cadela, polo cam.
  
 Mandou-m'el furtar alvor
o meu podengo melhor
que havia; e sabor
de penhorar lh'hei, de pram,
 15e filhar-lh'-ei a maior
sa cadela, polo cam.
       Penhoremos o daiam
       na cadela, polo cam.
  
Pero querrei-mi aviir
20com el, se [mi o] consentir;
mais, se o el nom comprir,
os seus penhos ficar-mi-am;
e querrei-me bem servir
da cadela, polo cam.
25       Penhoremos o daiam
       na cadela, polo cam.



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Nota geral:

Sátira a um homem de Igreja, talvez o deão de Cádis, a quem é endereçada uma outra cantiga de Afonso X. Acusando-o do furto de um dos seus cães de caça, o rei propõe-se tomar desforra, penhorando-lhe a cadela, isto é, a barregã (ou a principal, segundo parece indicar o v. 15). O rei, magnânimo, acaba por dizer que uma restituição voluntária do cão, conduzirá, no entanto, à devolução da cadela.



Nota geral


Descrição

Escárnio e Maldizer
Refrão, refrão inicial
Cobras singulares
Palavra(s)-rima: (v. 6 de cada estrofe)
-a cadela, polo cam
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 459

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 459


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas