Afonso Sanches


Tam grave dia que vos conhoci,
por quanto mal me vem per vós, senhor!
 Ca me vem coita, nunca vi maior,
sem outro bem, por vós, senhor, des i;
5por este mal que mi a mim por vós vem,
 come se fosse bem, quer-me por en
gram mal, a quem[-no] nunca mereci.
  
Ca tem, senhor, porque vos eu serv'i
[e] sempre digo que sôde'la milhor
10do mund'e trobo polo voss'amor,
que me fazedes gram bem; e assi
veed'ora, mia senhor do bom sem,
 este bem [a]tal, se compr'[a] mim rem,
senom se valedes vós mais per i.
  
15Mais eu, senhor, em mal dia naci:
del, que nom tem, nem é conhecedor
do vosso bem, a que nom fez valor,
Deus de lho dar, que lhi fezo bem i;
pero, senhor, assi me venha bem,
20deste gram bem, que el por bem nom tem,
mui pouco del seria grand'a mi.
  
Pois, mia senhor, razom é, quand'alguém
serv'e nom pede, [que] já-quê lhi dem
- eu servi sempr'e nunca vos pedi.



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Nota geral:

Cantiga de amor com uma variante curiosa, que é a referência a um terceiro, um ele explícito na 3ª estrofe, que possui o bem da sua senhora mas não lhe dá valor (o marido?). A finda é igualmente imaginativa: se alguém serve sem pedir nada em troca, será justo que receba algo por isso.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras uníssonas
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 412, V 23

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 412

Cancioneiro da Vaticana - V 23


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas