Fernão Fernandes Cogominho


Pois tam muit'há que mia senhor nom vi
e me mais vejo no mundo viver,
e m'eu tam gram coita pudi sofrer,
per bõa fé, pois dela nom morri,
5       jamais por coita nunca rem darei,
       ca, por gram coit'haver, nom morrerei.
  
E quando m'eu da mia senhor parti,
nom cuidava esse dia chegar
viv'à noite, e vejo m'ar andar
10viv[o]; e pois tal coita padeci,
       jamais por coita nunca rem darei,
       ca, por gram coit'haver, nom morrerei.
  
E pois esta, que vos digo, sofri,
bem devo, de pram, a sofrer qualquer
15outra coita, qual mi Deus dar quiser;
ca, pois per esta morte nom prendi,
       jamais por coita nunca rem darei,
       ca, por gram coit'haver, nom morrerei.



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General note:

Considerando que há muito não vê a sua senhora e que ainda continua vivo, o trovador garante que nenhuma dor o poderá já matar. Quando se afastou dela, pensou que não chegaria vivo ao fim desse dia, mas, como sobreviveu, considera que suportará bem qualquer outra dor que Deus lhe queira dar.



General note


Description

Cantiga de Amor
Refrão
Cobras rima a uníssona, rima b singular
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Manuscript sources

B 365

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 365


Musical versions

Originals

Unknown

Contrafactum

Unknown

Modern Composition or Recreation

Unknown