João Soares Coelho


Da mia senhor, que tam mal dia vi,
como Deus sabe, mais nom direi en
 ora daquesto, ca me nom convém:
nem me dê Deus bem dela, nem de si,
5       se hoj'eu mais de bem querri'haver:
       de saber o mal (e de me teer
  
por seu) que mi faz; ca doo de mi
haveria e saberia bem
 qual é gram coita ou quem perd'o sem.
10E nom me valha per quen'o perdi,
       se hoj'eu mais de bem querri'haver:
       de saber o mal (e de me teer
  
por seu) que me faz; que tam pret'está
de mi mia morte, como veerám
15muitos que pois mia coita creerám.
E pero nom me valha quem mi a dá,
       se hoj'eu mais de bem querri'haver:
       de saber o mal (e de me teer
  
por seu) que me faz; e non'o saber
20nunca per mi, nem pelo eu dizer!



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Nota geral:

O recurso ao encavalgamento entre as estrofes (até à finda) torna esta cantiga ao mesmo tempo fluida e sintaticamente exigente. Em termos gerais, o trovador jura que o único bem que quereria ter da sua senhora era o de ela saber o mal que lhe faz (e aceitá-lo como seu vassalo). Na finda, ele acrescenta que quereria ainda que ela o soubesse sem que ele tivesse necessidade de lho dizer.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Refrão
Cobras doblas
Ateúda atá finda
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

A 176, B 327

Cancioneiro da Ajuda - A 176

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 327


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas