João Soares Coelho


Ora nom sei no mundo que fazer,
nem hei conselho, nem mi o quis Deus dar,
  ca nom quis El, u me nom quis guardar,
e nom houv'eu, de me guardar, poder.
5       Ca díx'eu ca morria por alguém,
        e dereit'hei de lazerar por en.
  
Ca nom fora tam gram cousa dizer,
se se mi a mim bem houvess'a parar
a mia fazenda; mas quem Deus guardar
10nom quer, nom pode guardado seer.
       Ca dix'eu ca morria por alguém,
       e dereit'hei de lazerar por en.
  
E mal dia eu entom nom morri
quand'esto dix'e quando vi os seus
15olhos; pero nom dixi mais, par Deus,
 e[u] esto dixi, em mal dia por mim.
       Ca dix'eu ca morria por alguém,
       e dereit'hei de lazerar por en.
  
Ca des aquel dia 'm que a eu vi
20(que nom visse) daquestes olhos meus,
 nom perdi coita, ca nom quiso Deus,
nem perderei, ca eu mi o mereci.
       Ca dix'eu ca morria por alguém,
       e dereit'hei de lazerar por en.



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Nota geral:

Desde o momento em que disse que morria por alguém (a sua senhora), o trovador não sabe mais o que fazer. Dizendo o que disse (ou seja, comprometendo-se), não soube acautelar-se, e portanto é justo que sofra as consequências.
A composição parece dar sequência a uma outra que os manuscritos, no entanto, transcrevem mais adiante (e cujo refrão é moir’eu, e moiro por alguém!/ E nunca vos mais direi en. ).



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Refrão
Cobras doblas
Palavra(s)-rima: (v. 3 de cada estrofe)
guardar (I, II), Deus (III, IV)
(Saber mais)


Fontes manuscritas

A 162

Cancioneiro da Ajuda - A 162


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas