Pero Garcia Burgalês


Moir'eu e praz-me, se Deus me perdom!
E de mia mort'hei eu mui gram sabor
por nom sofrer mui gram coita d'amor
que sofri sempre no meu coraçom:
 5ca log'aquesta coita perderei!
       E amigos, direi-vos outra rem:
       pesa-me muito que nom veerei,
       ante que moira, meu lum'e meu bem!
  
 Soía-m'eu mia morte recear
10e havia gram sabor de viver;
e ora moir'e praz-me de morrer
e nom querria jamais viv'andar;
e do que moiro gram prazer end'hei.
       E amigos, direi-vos outra rem:
15       pesa-me muito que nom veerei,
       ante que moira, meu lum'e meu bem!
  
De me prazer com mia morte razom
faç'eu mui grande, par Nostro Senhor,
ca sei de pram que pois eu morto for,
20log'esta coita perderei entom;
e quem ora temo nom temerei.
       E amigos, direi-vos outra rem:
       pesa-me muito que nom veerei,
       ante que moira, meu lum'e meu bem!
  
25E quero-vos ora desenganar
qual est o bem que eu queria haver:
é mia senhor, do mui bom parecer,
e que mi faz mia morte desejar;
e que nunca mais veer poderei.
30       E amigos, direi-vos outra rem:
       pesa-me muito que nom veerei,
       ante que moira, meu lum'e meu bem!



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Nota geral:

Se antes receava a morte, agora o trovador garante aos seus amigos que morre com prazer, pois será a única forma de acabar com o sofrimento. Apenas tem pena de não ver mais uma vez a sua senhora.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Refrão
Cobras doblas alternadas
(Saber mais)


Fontes manuscritas

A 91, B 195

Cancioneiro da Ajuda - A 91

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 195


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas